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A cadeia logística como organismo vivo

O Movimento, os Dados e a Ética (a Fluidez, a Inteligência e os Valores) 

por Jaime H. Vieira dos Santos
02/05/2025
em Opinião
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A Guerra das Tarifas

O Data Center de Sines (SINES DC)

O Decreto Lei 92/2024 – 75 anos, novo prazo das Concessões Portuárias

Um Ministério da Logística Recomenda-se

 

Parte I

A Guerra das Tarifas iniciada pelos Estados Unidos após o Liberation Day Announcement do Presidente Donald Trump tem implicações profundas e duradouras nas cadeias de abastecimento globais quando acontece num momento de crise na ordem internacional liberal.

Neste quadro, as Cadeias Logísticas em Tempo Real, as “Living Supply Chain” (LSC) são as que estão melhor preparadas para lidar com a incerteza como aquela que resultará dos choques provocados por aqueles dois episódios contemporâneos.

Isso acontece porque o conceito “LSC” ao fazer o uso intensivo da tecnologia digital, que lhe permite a análise preditiva do risco e a otimização contínua dos processos, está focado na agilidade, na visibilidade em tempo real, na colaboração contínua e na capacidade de adaptação rápida – o que representa uma evolução gigantesca das cadeias tradicionais.

Nestes termos, as “Living Supply Chain” aproximam-se dos princípios naturais de autorregulação dos Ecossistemas. Num momento tão instável como aquele que estamos a viver, é útil visitar o conceito porque, nas circunstâncias atuais da geopolítica mundial, moldada por uma crise na ordem internacional liberal, marcará a diferença entre as Cadeias de Abastecimento que vão ganhar e aquelas que vão perder.

0. Enquadramento (as Serengeti Rules e a Cadeia Logística Viva)

As Serengeti Rules (SR)(1) foram compiladas por Sean B. Carroll, biologista e escritor, a partir dos trabalhos de pesquisa de vários cientistas que, em todo o Mundo, incluindo no Serengeti National Park, na Tanzânia, estudaram a forma como os Ecossistemas Naturais se autorregulam e sobrevivem.

As SR constituem um conjunto de seis princípios ecológicos que explicam como as populações de animais e plantas se ajustam nos Ecossistemas Naturais, ou seja, como se faz a regulação da Natureza, na Terra.

As SR transformaram-se numa referência para a Cadeia Logística atual porque ajudam a entendê-la nas condições dos tempos modernos que proporcionam e reclamam uma “New Supply Chain” ou “The Living Supply Chain”, no dizer de Robert Handfield e Tom Linton, no seu ensaio com este título (2).

Tanto os Ecossistemas Naturais como as Cadeias de Abastecimento em tempo real comungam das mesmas circunstâncias, serem sistemas complexos e interconectados, com reguladores, ciclos de resposta e pontos críticos de controle, o que permite o uso das Serengeti Rules como um código de sobrevivência natural de ambos.

Estes autores, no seu livro, descrevem, regra a regra, a relação entre os Ecossistemas Naturais e a Cadeia Logística, de que aqui se reproduz a SR 1, a título de exemplo e para enquadramento do tema deste artigo de opinião.

“Serengeti Rule 1: Not all species are equal. This rule proposes that some species exert effects on the stability and diversity of their community that are disproportionate to their numbers or biomass. These are termed “keystone species” based on the magnitude of their influence on the food chain.

New Supply Chain Rule 1: Not all enterprises are equal. Firms that adopt more quickly by embracing real-time data, velocity, transparency, and rapid response to change in the ecosystem will adapt more quickly, and will survive. Those that do not adopt these principles will become extinct. Hyper-reactive and predictive supply chains have a competitive advantage.” (2)

 

1. A Cadeia Logística em Tempo Real

(The New Supply Chain/The Living Supply Chain)

As tecnologias do mundo eletrónico ao permitirem a captação de dados em contínuo e numa dimensão ilimitada, nunca antes conseguida, deram substância ao conceito de “Living Supply Chain” (LSC) e tornaram dinâmica a Cadeia Logística Moderna (The New Supply Chain) que ficou em condições de reagir imediatamente às mudanças do ambiente de negócios, ajustando rapidamente as suas operações a acontecimentos inesperados. (SR 1)

São Cadeias de Abastecimento ganhadoras e no momento atual da “Guerra das Tarifas”, provocada pelos Estados Unidos, vão marcar a fronteira entre o sucesso e o insucesso!

A visão tradicional da Cadeia Logística como um sistema linear, rígido, na “Living Supply Chain” dá lugar à visão reativa e proativa, sensível a estímulos internos e externos.

Deste modo, a “Supply Chain” assemelha-se a um Organismo Vivo consentindo, por isso, a sua relação com os Ecossistemas Naturais!

Como Robert Handfield e Tom Linton mostram, no ensaio já citado, as Cadeias de Abastecimento mais ágeis, resistentes e adaptáveis seguem os princípios naturais de autorregulação dos Ecossistemas, tornando-se, assim, mais eficientes, eficazes e sustentáveis o que é fundamental (importantíssimo!) quando se perspetivam convulsões na economia mundial como consequência do problema das tarifas e que agrava a crise geopolítica.

Neste sentido, acentuam-se os sinais de retorno ao Mundo de Regiões versus o Mundo Global o que será uma oportunidade para os portos pequenos e médios, onde encaixam os Portos Portugueses Gateway que, no entanto, têm de correr contra o tempo e prepararem-se para a nova ordem económica mundial.

Dois “Case Studies”

Dois Caminhos Diferentes para o Mesmo Resultado: a LSC

O caso da Amazon e da sua adaptabilidade às alterações de contexto é um exemplo paradigmático!

A E-Retailer, orientada por dados captados em permanência, está focada no processo de tomada de decisão em tempo real e isso confere-lhe uma alta capacidade de resposta a condições de mercado dinâmicas.

A Amazon, ao atuar num mercado extremamente volátil ditado por um quadro mundial em mudança permanente, adaptou-se às circunstâncias e, aprendendo em contínuo, evoluiu em tempo real garantindo a velocidade, a eficiência e a eficácia da Cadeia Logística.

Acrescentando a isto a sua “ability to think strategically in terms of the entire supply chain, including their partners, and to work closely with these partners to drive collective growth and profitability” (2) as duas características, em conjunto, transformaram a Amazon num “case study” da “Living Supply Chain” (visibilidade em tempo real/colaboração continua/capacidade de adaptação rápida).

Foi pensando estrategicamente que, no início dos anos 2000, “Bezos concebeu um novo modelo de negócio chamado “Amazon Web Services (AWS)”. A ideia era vender poder de computação a outras organizações, ao qual poderiam aceder remotamente para gerir as suas operações de maneira mais económica. (3)

Bezos, ao fazê-lo, percebeu (antecipou!) que, ao oferecer a sua capacidade computacional como um serviço para terceiros, colocando-se entre os pioneiros no uso do conceito moderno de computação “em nuvem”, poderia transformar a AWS numa preciosa ferramenta para o desenvolvimento da Amazon em contexto de “Living Supply Chain”.

Foi o que aconteceu!

Em 2024, a “Amazon is the Top online retailer in the world. Leads the global e-commerce market with $152,8 billion in revenue” (Statista)

Seguindo um percurso diferente da Amazon, outro exemplo de uma empresa a movimentar-se no sentido do mesmo conceito, “Living Supply Chain”, é a Maersk, pioneira na logística integrada e na digitalização do transporte marítimo, membro fundador da DCSA – Digital Container Shipping Association, entidade com condições para promover o desenvolvimento do conceito a partir do transporte marítimo de contentores.

“Founded in 1904, the company has become one of the leading container ship operators in the world”. … “A.P. Møller – Mærsk A/S generated around 51.1 billion U.S. dollars in revenue in 2023” (Statista)

Nos anos 80 do século passado, quem visitava os escritórios dos principais Armadores do transporte marítimo de contentores percebia que a Maersk já se destacava no uso da tecnologia digital. A Maersk trilhava, então, o caminho da Terceira Revolução Industrial, iniciada na década anterior, centrada na eletrónica e na tecnologia de informação.

O seu desenvolvimento no contexto digital nunca parou e, em tempos mais recentes, com o mesmo objectivo – evoluir estrategicamente no espaço moldado pela tecnologia digital – impulsionou a Tradelens, que abandonou pouco tempo depois.

Contudo, o seu espírito como “a neutral platform that is available to participants of any party to a shipment, anywhere in the world” transferiu-o para a DCSA cuja missão é “to shape the digital future of container shipping by being the industry´s collective voice, working towards alignment and standardization”. (4)

Neste sentido, já este ano de 2025, a DCSA deu mais um passo em frente e na sua newsletter de Março comunicou ao mercado que  “… is excited to announce the launch of DCSA+, a new partnership programme designed to bring together key industry stakeholders and accelerate the adoption of digital standards. As the container shipping industry moves toward a more connected and digital future, collaboration has never been more critical.” (5)

Em tais circunstâncias (“to work closely with these partners”/Amazon ou “to bring together key industry stakeholders/DCSA+”), a Amazon e a Maersk/DCSA (ou talvez a FIT Alliance* no caso do transporte) ao motivarem as  empresas para as suas redes como parceiros, estabelecendo objetivos comuns, criando “standards” e definindo métodos de trabalho em rede, estão a levar o conceito da LSC aos seus limites, estão a Federar a Cadeia Logística, indo para além da colaboração, acabando, porventura, na sua coordenação e na sua liderança, um processo natural em que o “Body size affects the mode of regulation” (Serengeti Rule 4/Ecossistema Natural) ou “Large firms dominate firms through acquisition or “federation” “(New Supply Chain Rule 4). (2)

A Amazon e a Maersk/DCSA (ou talvez a FIT Alliance* para o transporte) estão a transformar-se em empresas relevantes na Cadeia de Abastecimento, prosseguindo, por vias diferentes, o caminho da “Living Supply Chain”, movendo-se na Quarta Revolução Industrial que, de acordo com o World Economic Forum, “it is characterized by a fusion of technologies that is blurring the lines between the physical, digital, and biological spheres”.(6)

 

Os Portos Portugueses e a Living Supply Chain

No Setor Portuário Nacional a utilização de tecnologias de análise de dados em tempo real tem de deixar de ser considerada uma tendência para o futuro porque já é uma necessidade atual! Neste âmbito o que dizer do Portugal Portuário quando as simples estatísticas do movimento dos portos são publicadas com semanas ou meses de atraso?

Mas já houve um caso de sucesso que cabe lembrar: o Porto de Leixões!

Este porto, em 2008, teve o seu “Building Momentum” na Cadeia Logística em Tempo Real quando inaugurou o eixo “Portaria Única/VILPL” e o Centro de Coordenação das Operações.

Produzia-se, então, informação em tempo real!

Há 17 anos, Leixões percebeu que o conceito “Living Supply Chain” iria determinar a Cadeia Logística para o futuro e, deste modo, desenhou um projeto inclusivo que viria a mostrar como, num pequeno/médio porto, recorrendo à informação em tempo real, é possível “to achieve velocity in every aspect of how companies run their business”.

Foi um investimento executado para além da ambição que, naquela data, seria consentânea com o estado do Setor Portuário Nacional, estendeu-se até às fronteiras do arrojo, numa proeza técnica e cultural sem precedentes, no Portugal Portuário.

O pensamento arrojado faz despontar novas ideias! Naquela altura, o Porto de Leixões conectou-se com o futuro, fazendo justiça àquilo que Miguel Torga dizia do Porto Cidade dos Mercadores, afinal o berço do porto de mar Leixões: “O que às vezes cerca de limitação, ilumina-o de significação”.

O Momentum, a energia em ação, do Porto de Leixões, na sua iniciativa, deu bem nota daquilo que um outro autor, desconhecido, escreveu a propósito do desenvolvimento de algo: “Remember that you don’t need to make huge moves because you have momentum. That’s what’s so great about it”.  

Naquela data o Porto de Leixões teve o impulso no sentido certo e marcou a diferença no panorama portuário nacional, colocou-se no mapa europeu de portos como uma referência! Leixões teve o seu “Building Momentum” que não aproveitou e tanta falta lhe faz hoje!

No que concerne à “Living Supply Chain”, o Setor Portuário Nacional está adormecido. O SINES DC, que será abordado na Parte II, é uma oportunidade para despertar para a nova realidade. Portugal irá a tempo?

Entretanto, aqui ao lado “o governo espanhol prevê investir 3,14 mil milhões de euros nos portos do Corredor Atlântico, nos próximos cinco anos”, noticiou o T&N, colocando maior pressão nos Portos Portugueses.

 

2. A Cadeia Logística, um Organismo Vivo

[Conceitos

O Movimento representa a ação física de deslocação sucessiva das cargas no espaço, funcionando, por analogia, como o sistema circulatório do corpo humano.

Os Dados correspondem à informação contextualizada que orienta as decisões e os processos, semelhante, por analogia, ao sistema nervoso dos seres humanos.

A Ética significa o eixo moral da Cadeia Logística onde se definem os valores que orientam o rumo da ação humana, equivalente, por analogia, ao sistema imunológico dos seres humanos.]

 

Na “New Supply Chain” a Cadeia Logística passa a funcionar como um Organismo Vivo, adaptando-se continuamente às mudanças e às necessidades do contexto, estruturada em três subsistemas fundamentais que interagem em tempo real: o Movimento, os Dados e a Ética.

Nesta perspetiva, a analogia com o Sistema Biológico Humano é consentida, fazendo corresponder aqueles três subsistemas aos Sistemas Circulatório, Nervoso e Imunológico das Pessoas, respetivamente.

  • O Movimento, à semelhança do Sistema Circulatório e da distribuição dos nutrientes pelo corpo humano, garante o fluxo contínuo das  cargas, assegurando que chegam ao destino certo, no tempo certo.
  • Os Dados, do mesmo modo que o Sistema Nervoso, transmitem as informações em tempo real, permitindo a coordenação, adaptação e resposta rápida às mudanças no ambiente logístico.
  • A Ética, atuando como o Sistema Imunológico, protege a Cadeia de Abastecimento contra práticas inadequadas, garantindo a conformidade regulatória e promovendo a responsabilidade social e ambiental.

Esta visão da Cadeia Logística como um Organismo Vivo perspetiva o seu funcionamento de maneira dinâmica e interconectada, resistente, em que se desenvolvem sinergias entre a eficiência operacional, a inteligência de dados e as melhores práticas do ponto de vista da ética,  o que é essencial para garantir a competitividade e a sustentabilidade no mundo global, embora, como já se disse, cada vez mais multipolarizado a caminho de uma nova ordem económica mundial assente em blocos geopolíticos.

Assim, pela sua estrutura e pelo seu desempenho, os três vetores (Movimento, Dados e Ética) determinam o perfil da Cadeia Logística Moderna, fluída, inteligente e orientada por valores. São o seu “Corpus”, isto é, são a essência – a estrutura fundamental – de um sistema integrado de três partes onde a coordenação é essencial.

A Coordenação

O conceito “Living Supply Chain” que explicita a dinâmica da Cadeia Logística Moderna reagindo a estímulos do meio em que está inserida e, ainda, do próprio Organismo, não só permite como também impõe níveis superlativos de coordenação, de que resultam, igualmente, níveis de excelência na qualidade da interação dos Atores, o que garante a qualidade máxima da eficiência e da eficácia nas operações logísticas.

A Cadeia Logística Moderna, suportada pela elevada capacidade de acesso à informação proveniente dos dados captados em tempo real (aqui reside o núcleo da questão), transforma-se num movimento coordenado que incentiva a sinergia comunicacional entre os diferentes sectores do “pipeline logístico”, alinhando-os e integrando-os, qual “cross-functional team that operates across the end-to-end supply chain”.

Na Cadeia Logística Moderna a coordenação, pela sua singularidade – a complexidade e a interdependência entre os diferentes Atores (fornecedores, produtores, distribuidores, retalhistas e consumidores finais) – é um fator crítico de sucesso, muito para além do seu papel tradicional de organizar e de orientar os aspetos operacionais tradicionais da “Supply Chain”, isto é, de gestão do fluxo das cargas, o Movimento.

Beneficiando do ambiente digital em progressiva implantação, a coordenação coloca-se na condição excecional de promover o enquadramento e a transformação dos fatores subliminares da Supply Chain.

Assume, deste modo, um papel liderante, inspirador de fontes de transição de paradigma, tais como a cultura organizacional, a confiança entre os parceiros de negócio e a superação dos fatores de resistência à mudança ou, indo mesmo mais longe, de promoção, de forma inovadora, da reavaliação constante das premissas (dos pressupostos, a descida “à alma” dos modelos), tantas vezes bloqueadoras da fluidez do andamento das cargas, por desatualização.

“The challenge is to filter out the small issues and everyday events, … small issues represent friction on the flow of the supply chain that drives up cost and impact customer satisfaction” (2)

Na “Living Supply Chain” nenhum pormenor é desprezável! Diz o provérbio que “às vezes, atrás da cruz está o diabo escondido”. Hoje, o  mundo digital ajuda a descobri-lo!

Uma Nova Cultura Logística

Robert Handfield e Tom Linton, na sua obra, já citada, ensinam que “the object of the real-time supply chains is to achieve velocity in every aspect of how companies run their business”. … “how quickly people in all areas of the supply chain (suppliers, distributors, customers) are able to react and make decisions related to unexpected events and disruptions that impact the supply chain.” (2)

Nestas condições, os Atores são obrigados, 24h/7d/52s, a questionar os seus “modus operandi”, se ainda são válidos como modelos de desempenho das suas atividades, ou seja, se não será possível operar de modo diferente, obtendo mais resultados.

Como consequência emerge uma nova abordagem cultural da logística que obriga os Stakeholders a redefinirem os seus papéis e as suas responsabilidades na “New Supply Chain”.

John Gattorda e Deborah Ellis alertam para o facto de “Most of the world’s largest corporations have logistics networks and supply chains that have evolved over time, many based around systems that drive a ‘one-size-fits-all’ philosophy, which does not fit anymore. And most have not kept up with the changing cadence of their markets.” (8)

Nestas circunstâncias, o foco das decisões desloca-se para o longo prazo, o único quadro temporal onde a mudança de paradigma é possível, garantindo profunda melhoria da qualidade dos processos e das instituições e, por consequência, maior estabilidade ao negócio.

 

Nota Final

Portugal tem de exigir aos Stakeholders que estejam à altura do novo contexto logístico de “L-I-V-I-N-G,  acrónimo de Live, Intelligent, Velocity, Interactive, Networked, Good (Robert Handfield & Tom Linton)” (2), muito importante em termos de Concessões de Infraestruturas Logísticas e Portuárias em que o novo prazo de 75 anos do recente Decreto Lei 92/2024 é dado exatamente para proporcionar esta mudança de paradigma e não para proporcionar um sentido único, exclusivo, de investimento financeiro.

Portugal, nos portos, não necessita de especulação financeira! O Portugal Portuário precisa da ciência económica!

O XXV Governo de Portugal ao traçar as suas políticas para a Cadeia Logística e para o Sector Portuário não pode ignorar esta nova realidade que é a Cadeia Logística em Tempo Real, um Organismo Vivo, onde a fluidez, a inteligência e os valores determinam. 

A “Living Supply Chain” ao oferecer a visibilidade “ponta a ponta” do pipeline logístico – desde o fornecedor até ao consumidor final – permitindo simulações e decisões estratégicas com base em dados concretos, é ganhadora do futuro e em contextos instáveis como o da Guerra das Tarifas e da Crise da Ordem Internacional Liberal, que criam incertezas em termos de custos, regulamentações e disponibilidade de produtos, é condição primordial de sucesso.

O SINES DC e o Decreto-Lei 92/2024, curiosamente, um diploma legal também da iniciativa de Miguel Pinto Luz, são dois instrumentos poderosos na mudança de paradigma, seguramente dois pilares de sustentação da “Nova Política Portuária” sugerida pelo Senhor Ministro durante o evento de inauguração do SINES DC.

Um apontamento sobre o DATA CENTER e algumas considerações sobre o Decreto Lei 92/2004 justificam-se e, neste caso (da legislação), para explorar “a oportunidade” que é, mas denunciar, ao mesmo tempo, “o obstáculo” que pode ser!

Na Parte II, a publicar em breve, serão abordados ambos.

 

Post Scriptum

  • *A FIT Alliance tem como membros fundadores a BIMCO, a DCSA, a FIATA, o ICC e a SWIFT. Por sua vez, a DCSA reúne à sua volta os principais armadores do transporte marítimo de contentores.  … o que lhe confere (à FIT) um papel relevante na moldura da Cadeia Logística.

(na Revista da APAT/Jan-Fev25, com o título “A Cadeia Logística – um ecossistema digital. O Futuro do Mundo Logístico começou em 20Jan25” por Jaime H Vieira dos Santos)

 

Referências

(1) The Serengeti Rules

(2) The Living Supply Chain, the evolving imperative of operating in real time / by Robert Handfield & Tom Linton

(3) O Império Amazon, Jeff Bezos e um Domínio sem Limites

(4) Sites da Tradelens e da DCSA

(5) Newsletter de Março25 da DCSA

(6) The Fourth Industrial Revolution por Klaus Schwab, fundador e Presidente

 

Jaime Vieira dos Santos   JAIME H. VIEIRA DOS SANTOS 

   Ex-Gestor de Terminais Portuários

 

 

 

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