O presidente da Associação Comercial do Porto (ACP) diz que o Estado não precisava “de desbaratar recursos numa TAP falida” que “não olha para o todo do país”.
“Qual a necessidade de a TAP apresentar já uma rota Lisboa-Santiago de Compostela [Galiza, Espanha], se não for para sugar o aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, e os galegos que ainda lá vão? Isto é um desrespeito. O papel de uma companhia dita de bandeira é canalizar investimento e dinheiro apenas para Lisboa? Não tem lógica”, observou Nuno Botelho em declarações à “Lusa”.
O “JN” de hoje refere que o Porto “volta a ficar de fora dos planos de retoma da TAP” e, num esclarecimento enviado às Redacções, a empresa “sublinha que não anunciou ainda o total da sua operação para o Verão 2021”.
Para o presidente da ACP, tratando-se da TAP, é preciso “ver para crer” que haverá uma maior aposta a Norte do país.
“O primeiro plano de retoma da TAP levou o primeiro-ministro, o Presidente da República e até o ministro das Infraestruturas a dizer que o Norte não podia ser desrespeitado e o plano final era tão mau ou pior do que o inicial. Portanto, vindo da TAP essa indicação de que a operação não está totalmente fechada, desconfio sempre”, afirmou Nuno Botelho.
O responsável alerta que “o tempo passa e os planos de voo que surgem têm Lisboa como único ponto de partida”.
“A TAP é um novo Novo Banco. E Lisboa também sai prejudicada. O erro de Lisboa é achar que não fica prejudicada quando isso acontece ao resto do país”, frisou o presidente da ACP.
Nuno Botelho observa ainda que o aeroporto Francisco Sá Carneiro “está a crescer e a retomar sem a TAP”.
“Não precisamos da TAP. De facto, o país não precisava de desbaratar recursos a comprar uma empresa falida que não olha para o todo”, frisou.
A TAP anunciou na sexta-feira que vai voar de Lisboa para Ibiza, Fuerteventura e Zagreb no Verão de 2021, tendo ainda previstas duas novas rotas para a Tunísia e uma para Marrocos.