A AE ferroviária entre o porto de Valência e o Entroncamento deverá avançar ainda em 2025, anunciou Juan Carlos Arocas, da TransItalia, na PORTO MARITIME WEEK.
Depois de, em Julho passado, ter lançado a auto-estrada ferroviária entre o porto de Valência e Madrid, a TransItalia aposta em arrancar já no próximo ano com a ligação ao Entroncamento, assim estejam resolvidos os estrangulamentos da infra-estrutura ferroviária dos dois lados da fronteira.
Por uma vez, Portugal está mais avançado que Espanha. Henrique Teles, da Infraestruturas de Portugal, garantiu, também na PORTO MARITIME WEEK, que as obras de adaptação da linha no corredor entre Elvas e o Entroncamento (onde foram detectados seis pontos de conflito para a passagem dos P400) deverão estar concluídas em meados do próximo ano. O mesmo responsável reconheceu que do lado de Espanha as dificuldades são muito maiores.
Mas a TransItalia quer avançar com o serviço o quanto antes. E, por isso, assim estejam resolvidas as limitações de gabarit, a auto-estrada ferroviária entre Valência e o Entroncamento arrancará, ainda com tracção diesel. A electrificação só deverá chegar em 2027.
Se o lançamento da AE ferroviária entre Valência e Madrid demorou quatro anos e custou 20 milhões de euros, a ligação ao Entroncamento deverá ser mais rápida e custar cerca de metade, antecipa Juan Carlos Arocas. Os cerca de dez milhões de euros destinar-se-ão, no essencial, à compra de vagões e à adaptação do terminal do Entroncamento (no porto de Valência aproveitar-se-á o trabalho já feito).
O director da TransItalia para a Península Ibérica, apresentado como o “pai” da AE ferroviária espanhola, sublinhou que “temos a cargas, temos os veículos, falta o serviço”. E faltará também, acrescentou, o “apoio dos governos” a uma solução de transporte intermodal verde.
A AE ferroviária entre Valência e Madrid oferece actualmente duas ligações semanais em ambos os sentidos, mas o objectivo é chegar ao final do ano com ligações diárias (cinco vezes por semana). Num ano, os promotores esperam retirar das estradas espanholas cerca de dez mil camiões, com a correspondente redução de emissões.
Em Espanha – e será assim também em Portugal, lembrou Juan Carlos Arocas -, a AE ferroviária complementa as AE marítimas que a TransiTalia opera no Mediterrâneo há cerca de 20 anos, em parceria com a Grimaldi. O que significa, sublinhou, que os semi-reboques poderão ser carregados em Madrid (ou no Entroncamento) e seguir até Itália, ou mesmo Grécia, sem pisar a estrada. E o mesmo no sentido inverso.
Em todo o caso, e à cautela, o responsável vincou que o objectivo não é combater o transporte rodoviário de mercadorias, mas tão-somente disponibilizar uma alternativa ao mercado (incluindo os próprios transportadores, será caso para dizer). De resto, os vagões utilizados são polivalentes, podendo transportar, além dos P400, caixas móveis ou contentores, entre outros.
“Por uma vez, Portugal está mais avançado que Espanha”: gostaria de ser explicado como, onde e quando.
E já agora, há vontade política de Portugal?
De acordo com o responsável da IP presente na PMW, os entraves à passagem dos P400 entre Elvas e o Entroncamento ficarão resolvidos mais cedo do que os existentes no corredor em território espanhol…