O presidente da Associação Comercial do Porto (ACP) diz que é preciso avançar rapidamente com a Alta Velocidade e que Portugal tem força para impôr a sua solução a Espanha.
“Portugal tem é de avançar. Se é uma linha [Lisboa-Porto-Vigo] ou é outra [Lisboa-Madrid], já estou na fase de que quero é o investimento, quero é um certo desenvolvimento”, afirmou Nuno Botelho à “Lusa”.
Na sexta-feira, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, apontou a ligação atlântica Lisboa-Porto-Vigo como a prioridade portuguesa para a rede ibérica de Alta Velocidade, avisando que o Governo português não aceita a “solução imposta” por Espanha de priorizar a ligação Lisboa-Madrid.
O presidente da ACP recordou que o assunto da Alta Velocidade é discutido há décadas, sempre que surge um novo pacote financeiro da Comissão Europeia.
“A ligação Madrid-Sevilha foi inaugurada na Expo de Sevilha [1992] e foi, na altura, uma coisa absolutamente revolucionária e importante. Em Portugal, para fazer o paralelismo, a Expo 98 inaugurou apenas a Gare do Oriente [em Lisboa] e esqueceram-se da parte da ferrovia. Ficaram-se só pela decoração”, disse.
O dirigente não tem dúvidas de que a ligação ferroviária, numa primeira fase, entre Porto e Lisboa, e posteriormente Porto-Vigo, é fundamental para a competitividade do país e da região Norte, mas reitera que, seja qual for a solução, o importante é avançar “rapidamente”.
Considerando que a discussão sobre as duas soluções é “uma falsa questão”, Nuno Botelho acredita que Portugal tem “força” para impôr a solução atlântica a Espanha, até face do avanço da Alta Velocidade no território espanhol.
“Não tenho dúvidas. Desde logo, porque Espanha está a concluir também a ligação à Galiza e, a partir do momento que chegue a Vigo, não tem grandes argumentos para não completar a ligação a Portugal. Acho que é um falso problema. É possível fazer [a ligação Lisboa-Porto-Vigo]”, considerou.
O responsável observa que “o ministro Pedro Nuno Santos aparentemente parece estar imbuído das melhores intenções nesse aspecto, ou seja, quer mesmo levar a cabo uma revolução no que à ferrovia diz respeito”.
“Se conseguir terá os meus parabéns e terá, de facto, o meu elogio, já que no que à TAP diz respeito tem sido o desastre que tem sido”, observou, sublinhando que tem na ferrovia a oportunidade de deixar um legado.
Para o presidente da ACP a ligação à Galiza é fundamental, seja para garantir o fluxo de passageiros galegos (25%) no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, seja para manter e fortalecer a ligação “umbilical” da Região Norte com a Galiza.
“Depois é importante a ligação entre Porto e Lisboa. Se pensarmos que com esta ligação Porto e Lisboa passa a demorar 01h15, no futuro não muito longínquo podemos ter pessoas a morar no Porto e a trabalhar em Lisboa”, disse, acrescentando que a ligação de Alta Velocidade “vai mudar a realidade do país” e aproximá-lo, o que é útil para a competitividade.