A requisição civil dos trabalhadores portuários é uma das hipóteses admitidas pela Associação Industrial Portuguesa (AIP) para por termos de imediato às greves que estão a paralisar vários portos, em especial o de Lisboa.
Em comunicado, a Direcção daquela associação empresarial sustenta que “é urgente reatar o normal funcionamento do porto de Lisboa, não excluindo a adopção de todos os instrumentos legais existentes na legislação portuguesa para esse fim”.
Em declarações ao “DE”, o presidente, José Eduardo Carvalho, foi mais explícito: “a requisição civil é um instrumento cuja operacionalização deve ser reflectida caso a paralisação nos portos continue”, disse.
Há dias, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, afirmou que as greves nos portos já ultrapassaram os limites. As paralisações em curso decorrerão até ao próximo dia 22, mas o sindicato dos trabalhadores portuários do Centro e Sul já lançou um pré-aviso de greve parcial para vigorar entre 23 e 31 do corrente.
O porto de Lisboa tem sido o mais castigado pelas greves. Com consequências particularmente gravosas para a economia local e nacional porque, salienta a AIP em comunicado, Parte significativa do movimento do porto de Lisboa (produtos químicos, óleos alimentares, bio-diesel, produtos siderúrgicos, cereais, oleaginosas”parte significativa do movimento (produtos químicos, óleos alimentares, biodiesel, produtos siderúrgicos, cereais, oleaginosas) não é transferível para outros portos nacionais”. Quer por tratar-se de “cargas cativas do porto”, destinadas a indústrias situadas na área portuária ou nas proximidades; quer pela capacidade única disponível no porto da capital (“70% da capacidade portuária nacional em silo”).
Na mesma linha, a AIP sustenta que “também na carga contentorizada não há alternativa de transporte marítimo directo que proporcione condições de tempo e custos equivalentes a Lisboa nos fluxos directos intercontinentais (América do Sul, América Central, Canadá e África do Sul)”.
A associação empresarial defende, por isso, que “a actual estratégia de “cartelização” das greves (…) terá de ser urgentemente ultrapassada”.
No mesmo sentido, ontem, a Agepor, em representação dos agentes de navegação, apelava a que “aqueles que teimam em continuar em greve, prejudicando com essa posição a economia nacional, mormente as exportações que, como todos sabem, são neste momento vitais para o País, consigam perceber que esta é uma altura para trabalhar e não para parar”.