O tráfego aéreo não deverá recuperar para os níveis pré-Covid antes de 2023, ou mesmo 2025, prevê a Airbus, que reduziu a produção.
“Na Airbus diminuímos a produção em cerca de 40% face aos planos pré-Covid e há muitas incertezas quanto ao futuro”, admitiu o vice-presidente para a Europa do Sul e Israel da companhia, Cesar Sanchez Lopez, durante o evento online “AED Days”.
Segundo recordou, os números mais recentes da IATA sobre o tráfego aéreo global “indicam que a recuperação é extremamente frágil, com o número de passageiros e a capacidade do sistema 80% e 70% abaixo, respectivamente, dos níveis do ano passado, o que é uma crise muito séria”.
Ainda assim, Cesar Sanchez Lopez afirmou-se convicto da capacidade de resiliência do sector da aviação, que apontou como “um motor da economia global”, responsável em 2019 pelo transporte de mais de 3,6 mil milhões de passageiros, por quase 63 milhões de empregos e por uma contribuição para o Produto Interno Bruto global de 2,7 triliões de dólares.
“No longo prazo consideramos que esta indústria é sólida, porque nos últimos 15 anos tem registado um crescimento médio anual do tráfego de passageiros de 4,4%. Claro que com a Covid-19 tudo teve de ser revisto, mas a aviação tem sido muito resiliente às crises nos últimos anos – desde a crise do petróleo à crise do Golfo, crise asiática, 11 de Setembro, SARS e crise financeira de 2008 – e manteve sempre a tendência de crescimento”, sustentou.
Embora admitindo que “a crise associada à pandemia é, de longe, a maior de todas” e que “é demasiado cedo para antecipar o impacto que terá”, o responsável da Airbus afirmou-se “confiante” de que “o tráfego aéreo vai recuperar e, a longo prazo, vai continuar a crescer”.
Da análise que faz ao mercado global e tendo em conta o feedback directo que tem dos seus clientes em todo o mundo, a Airbus prevê que “a crise deverá estender-se bastante além de 2021 e que o tráfego aéreo não irá recuperar para níveis pré-Covid antes de 2023, no melhor cenário, ou mesmo só em 2025″.
“Ainda estamos muito longe dos níveis de 2019 e esperamos um longo período de recuperação”, afirmou Sanchez Lopez, que, apesar de considerar “encorajador ver alguns aviões de novo a voar”, admite que “a taxa média de ocupação continua a ser uma preocupação”.
E, se por um lado “as viagens aéreas domésticas estão a começar a recuperar lentamente (na China, por exemplo, o tráfego doméstico está quase em níveis pré-pandemia), o facto é que as viagens internacionais vão continuar em baixo ainda por um longo período e não vão regressar a níveis pré-Covid por muitos anos”.