As concessões dos serviços de transporte público devem avançar rapidamente, e com o objectivo primeiro de reduzir os custos de exploração. Mas os privados não estão no mercado para fazerem o “trabalho sujo”, avisa Alain Descamps, administrador-delegado da Veolia Transdev.
O Governo propõe-se concessionar os transportes públicos urbanos e suburbanos de Lisboa e Porto. O responsável da Veolia Transdev para a Península e para o Magrebe aplaude a iniciativa mas tem dúvidas sobre a viabilidade de avançar com todos os processos em simultâneo.
As concessões, defende Alain Descamps, deverão ser feitas por períodos de cinco/seis anos. Para permitir melhorar/adaptar os contratos e corrigir eventuais erros. Uma necessidade até porque, critica, Portugal não é um modelo de transparência nas concessões de transportes.
Na mesma linha, diz-se contrário à ideia de desmantelar as empresas públicas e cortar as respectivas redes em troços para os concessionar. Tal significará perder know-how, diz. Além do que não há no País coordenadores suficientemente fortes (entenda-se, as Autoridades Metropolitanas de Transportes).
Ponto assente é que os concessionários não podem assumir os riscos da procura. Mais ainda em tempos de crise, quando é mais difícil fazer previsões, entende o administrador-delegado da Veolia Transdev. Mas o facto, concede, é que os operadores privados são por vezes pressionados a aceitarem condições menos favoráveis para não correrem o risco de ficarem fora do mercado por vários anos (as concessões são poucas e relativamente prolongadas).
Quanto a saber até quando estará a Veolia Transdev disposta a esperar pelas concessões em Portugal, Alain Descamps responde que o problema não se põe, porque a empresa é portuguesa e continuará a trabalhar no país e até a exportar know-how.
Alain Descamps participou no seminário “Transportes: uma história efémera ou um futuro em mudança”, que assinalou os 20 anos da Fernave.
Hoje mesmo, o secretário de Estado dos Transportes reafirmou a intenção do Governo de avançar com as concessões em 2013. “O nosso objectivo é ter em 2013 uma gestão totalmente integrada e também que os contratos de concessão de operação do autocarro e do metro, em Lisboa e no Porto, sejam já feitos por privados” disse à “Lusa”, à margem do congresso da Aplog.