O consórcio LusoLav, responsável pela linha de Alta Velocidade entre Porto e Oiã, quer deslocar dois quilómetros a estação prevista para Vila Nova de Gaia e fazer duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodo-ferroviária.
As propostas do consórcio da Alta Velocidade constam de documentos que irão a votação em reuniões da Câmara e da Assembleia Municipal de V.N. Gaia amanhã, quinta-feira, a que a “Lusa” teve acesso.
“A nova localização proposta para a Estação de Vila Nova de Gaia fica compreendida entre a Rua da Junqueira de Cima (a norte e poente), a Rua e Travessa do Guardal de Cima (a sul) e a Travessa de Belo Horizonte (a nascente)”, na zona de São Caetano, em Vilar do Paraíso.
Além de um conjunto de acessibilidades rodoviárias a construir, a proposta inclui “o prolongamento da Linha Rubi, desde Santo Ovídio até à Estação de Alta Velocidade (lado poente)”, com custos repartidos entre o consórcio (obra pesada) e a Metro do Porto (instalação da linha e dos respectivos equipamentos).
“Relativamente ao prolongamento da Linha Rubi desde a Estação de Santo Ovídio, importa referir que, dada a elevada densidade e sobreposição de infra-estruturas neste local, esta obra afigura-se bastante complexa, obrigando a desviar o acesso rodoviário para poente, sobre um talude ajardinado, adivinhando-se impacto negativo, face à proximidade aos edifícios de habitação existentes”, aponta.
Os serviços municipais dizem ainda que, apesar da estação poder ser retirada de Santo Ovídio, entre as actuais estações de metro Santo Ovídio e D. João II, “o município deverá dar continuidade ao Plano de Pormenor que está em elaboração para o local”.
Quanto à travessia do Rio Douro, “a solução agora apresentada volta a separar, em duas pontes distintas, o modo ferroviário e o modo rodoviário”, pode ler-se nos documentos municipais consultados pela “Lusa”.
Os mesmos apontam que “o consórcio sustenta essa opção na necessidade de redução do risco de financiamento, redução do risco de incumprimento do prazo e na clara separação das futuras responsabilidades de manutenção de cada uma das pontes”.
A proposta do consórcio implica ainda menos construção em túnel, pois, “no projecto que consta do Estudo Prévio, a maior parte da extensão da linha no concelho de Vila Nova de Gaia encontra-se prevista em túnel, feito em escavação subterrânea, com menor impacto à superfície”, com 9,2 quilómetros em túnel do total de 12 quilómetros percorridos no concelho.
Porém, na alteração proposta pelo consórcio a que a “Lusa” teve acesso, preveem-se 3 494 metros de túneis mineiros, 1 666 metros em túneis do tipo ‘cut & cover’, 940 metros em aterros, 5 264 metros em escavação e 1 524 metros em muros.
“Comparando as duas soluções, há um agravamento do impacto superficial três vezes superior, passando dos anteriores de 2 540 metros de linha prevista nas zonas de aterros, escavação e muros para 7 728 metros de extensão”, pode ler-se.
A solução agora apresentada “em confronto com zonas habitacionais e industriais já edificadas, com os tecidos existentes e as vias da estrutura viária actual, obriga a um conjunto diversificado de soluções de restabelecimento viário de modo a minimizar o impacto da barreira territorial criada que é, nesta solução, mais extensa”, referem os documentos.
“O impacto não se circunscreve à extensão linear da infra-estrutura, mas também à área confinante com esta” implicando ainda “expropriações e demolições nas zonas de intervenção, quer sejam para a efectiva implantação da linha de Alta Velocidade, quer pela necessidade dimensional de áreas de trabalho para a sua construção”.