As associações ambientalistas GEOTA, Quercus e Zero propõem cinco medidas para tornar o transporte ferroviário entre Lisboa e Madrid mais atractivo face ao autocarro e ao avião.
As três associações, que compararam uma viagem entre Lisboa e Madrid, de comboio e de autocarro, consideram que “não é aceitável” que, num quadro de descarbonização da economia e diminuição da dependência dos combustíveis fósseis, seja a “opção rodoviária, e não a ferrovia, a mais rápida, confiável, confortável” e aquela que “melhor resposta dá às necessidades de mobilidade entre as duas capitais ibéricas”.
Por esse motivo, instam o Governo português a assumir medidas “necessárias e urgentes” para tornar a ligação ferroviária crescentemente mais atractiva face às alternativas rodoviárias e aéreas, afirmam numa nota de imprensa enviada à “Lusa”.
Uma das medidas passa por ajustar os horários de partida do Entroncamento da automotora da CP com destino a Badajoz, permitindo a tomada do comboio directo para Madrid às 12:00 (CET), reduzindo o tempo total de viagem para um máximo de 9 horas e 11 minutos e eliminando um transbordo no trajecto.
Por outro lado, as associações sugerem que seja pedida à Comissão Europeia, “autorização para o financiamento dos serviços nocturnos entre Lisboa e Madrid”, recorrendo, se necessário, ao desenho de um “programa financiado pelo Turismo de Portugal” ou outras entidades interessadas na acessibilidade ferroviária do país, “posicionando Portugal no mapa europeu do cada vez maior número de serviços nocturnos, e estabelecer junto do governo espanhol as necessárias condições operacionais no seu território”.
Outra das ações propostas é que a Infraestruturas de Portugal desenvolva as acções necessárias para permitir à Renfe estender o seu serviço até Lisboa desde Badajoz, solicitando tratamento recíproco por parte da espanhola Adif em relação à CP, permitindo que esta estenda o seu serviço da Guarda até Madrid.
As associações de ambientalistas propõem ainda que avancem, o mais rapidamente possível, os “estudos necessários e já previstos para a construção da Terceira Travessia Ferroviária sobre o Tejo, de modo a que seja possível reduzir no final desta década o tempo de viagem entre as duas capitais ibéricas a cerca de três horas, tornando-a competitiva com o mesmo trajecto em avião que hoje transporta mais de 5% dos passageiros que partem do Aeroporto de Lisboa”, sublinham.
Igualmente é defendida a “eliminação da injusta dívida histórica da empresa [CP], que se deve ao serviço prestado em condições deficitárias não devidamente compensado pelo Orçamento do Estado por ausência de um contrato de serviço público”, para que a CP possa iniciar serviços diurnos directos entre Lisboa e Madrid, a partir de 2025.
O Plano Ferroviário Nacional, apresentado em novembro, esteve em consulta pública até 28 de Fevereiro.