A ANA pretende encerrar uma das duas pistas do aeroporto de Lisboa para estacionar aviões. Os pilotos alertam para problemas de segurança. A última palavra cabe ao INAC, que ainda não tomou uma decisão.
Em causa está o fecho da pista 17/35, passando o aeroporto da capital a operar apenas com a pista 03/21. A iniciativa partiu da ANA, confrontada com a crescente falta de espaço para estacionar aviões. Uma dificuldade que tenderá a agravar-se já no próximo ano, quando a TAP começar a receber os novos A350, de maior envergadura que os actuais A330 e A340 da companhia portuguesa.
O pedido da ANA está a ser analisado por um grupo de trabalho coordenado pelo INAC e que integra representantes da ANA, da NAV, do Gabinete de Prevenção e I investigação de Acidentes Aéreos, da Força Aérea, da TAP e da Associação Portuguesa dos Pilotos de Linha Aérea (APPLA).
A decisão, disse-o hoje o INAC, está dependente dos pareceres de várias entidades e da audição das partes interessadas, “uma vez que existem posições e opiniões diferentes” sobre o assunto.
A ANA garante que qualquer que seja a decisão, a segurança do aeroporto estará sempre salvaguardada.
Mas os pilotos têm reservas à ideia de desactivar uma das pistas da Portela. “Não é destruindo uma pista que está feita, não é relegando um aeroporto para fora da recomendação do manual 14 da ICAO [Organização Internacional da Aviação Civil] e não é aumentando o rico operacional em Lisboa em 25% do ano que se vai resolver o problema”, alertou o presidente da APPLA, em declarações à “Lusa”.
“Atendendo a que pelo menos 25% dos ventos ao longo do ano não estão alinhados com a pista 03/21, mas sim com a pista 17/35, sendo estes ventos extremamente problemáticos devido à orientação e intensidade, se a pista 17/35 for fechada o Aeroporto de Lisboa deixa de cumprir com a recomendação da ICAO”, sublinha Miguel Silveira.
O presidente da associação dos pilotos reconhece o “problema de haver uma grande limitação” de espaço no aeroporto para estacionar os A350, mas sustenta que “se as low-cost não ocupassem o Aeroporto de Lisboa e ocupassem outros aeroportos, como se faz em quase todas as capitais europeias e mundiais, este problema [falta de espaço] já não se colocava”.