Depois da Uber, a Cabify. A Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) vai contestar a plataforma espanhola de transporte privado Cabify, recorrendo aos tribunais assim que começar a funcionar em Portugal. Já a Federação Portuguesa do Táxi (FPT) espera para ver.
A Cabify é uma plataforma de transporte de passageiros acessível a partir de uma aplicação informática e semelhante à Uber que anunciou pretender entrar no mercado português a partir da próxima semana.
Em declarações à “Lusa”, o presidente da ANTRAL, Florêncio Almeida, disse que a Cabify é “a mesma coisa do que a Uber”, pelo que a associação vai contestá-la, tanto como tem feito com a outra plataforma.
“Vamos recorrer aos tribunais, vamos fazer tudo da mesma forma”, afirmou, realçando que isso deverá acontecer quando a operadora começar a operar em Portugal.
FPT impõe condições
Por seu lado, o presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), Carlos Ramos, afirmou que apenas aceitará a instalação da espanhola Cabify em Portugal caso se limite a distribuir serviços a taxistas e a funcionar com viaturas descaracterizadas autorizadas.
Carlos Ramos considerou que se a Cabify entrar no mercado português para trabalhar com táxis e com viaturas descaracterizadas autorizadas – assinaladas como de Turismo (com a inscrição T) e de aluguer sem distintivo (A) – não vê “grandes problemas para o sector”.
“Mas creio que não será bem assim. Eles trabalham com outro tipo de grupo de carros descaracterizados, mas que são particulares. Aqui temos uma ‘Uber dois’. E aí, naturalmente, que iremos manifestar toda a nossa discordância em relação a mais esta plataforma”, acrescentou.
Segundo Carlos Ramos, a entrada de mais esta plataforma digital de aluguer de viaturas em Portugal “só vem dar razão” aos taxistas, mostrando que “é preciso travar isto rapidamente”.
“O Governo não pode continuar a refugiar-se na livre concorrência. É preciso fazer alguma coisa rapidamente. E espero que, se não for o Governo, que seja o Parlamento a encontrar um enquadramento legal” para estas empresas, disse.
O dirigente da FPT manifestou ainda “algumas preocupações de que, tal como a Uber, esta plataforma não tenha homologação do IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] para distribuição de serviços” em Portugal.
Segundo o site da Cabify, a empresa está presente em 17 cidades de Espanha (sete), do México (cinco), da Colômbia (duas), do Chile (duas) e do Peru (uma).