Os transportadores rodoviários de mercadorias estão hoje pior do que em 2008, mas o Governo às propostas do sector responde apenas que está a estudar e em diálogo, critica o presidente da Direcção Nacional da Antram.
E no entanto, sublinhou António Mousinho em entrevista ao “DE”, as reivindicações do sector não têm incidência nas receitas do Estado. Salvo no que concerne à criação do gasóleo profissional, que a Antram “não defende” porque “não pretendemos ter nenhum favor”. “Entendemos que o aumento dos custos decorrente do crude e dos aumentos das Scut tem que ser transferido para o consumidor final”, explicou.
Mousinho disse ainda que são quatro as propostas fundamentais que reúnem o consenso da Antram, da ANTP e da ATTIMA, associações a que hoje se juntou a APOE (Associação Portuguesa de Operadores Expresso).
O presidente da Antram defendeu que a situação dos transportadores é hoje pior do que em 2008, “porque na altura não existiam as portagens nas Scut”. Então, alguns transportadores avançaram com uma paralisação, criticada pela Antram. Hoje, “parar ou não, isso está nas mãos do Governo”.
As associações de transportadores rodoviários de mercadorias não gostaram de terem sido chamadas de urgência, no final da tarde de sexta-feira passada, e não terem obtido respostas: “parece que só lá fomos para nos verem [nas televisões] a sair da porta do Ministério”, sublinhou António Mousinho.
O presidente da Antram também não gosta de ouvir o ministro António Mendonça falar, há ano e meio, em clima de diálogo. “A continuar assim ficaremos em diálogo até ao final da legislatura. É isso? Deixo essa pergunta ao ministro: continuaremos em diálogo até ao fim da legislatura sem uma única medida?”
Não, se depender das associações. “Se o Governo não responder [às propostas do sector] parece que o clima de diálogo terminou. Talvez seja esse o significado”, rematou.
Até ao final de hoje as associações ainda não tinham recebido o documento de trabalho prometido pelo Governo para as passadas segunda, terça-feira. As três associações, mais a APOE, estiveram reunidas hoje na sede da Antram, num encontro que se prolongará para amanhã, para analisar os resultados das diligências com o Executivo e as decisões saídas da reunião de transportadores de sábado passado, em Coimbra.