Os operadores portuários de Lisboa apelaram aos estivadores para cancelarem a greve devido à Covid-19, mas o SEAL acusaos patrões de quererem consumar um despedimento colectivo.
“A AOPL, Associação dos Operadores Portuários de Lisboa, vem por este meio sensibilizar os Trabalhadores Portuários de Lisboa e o sindicato que os representa [SEAL] para que, neste momento, em que a Organização Mundial de Saúde (OMS)decretou o Estado de pandemia do Coronavírus e o Governo de Portugal declarou que o país se encontra em situação de alerta até ao dia 9 de Abril, contribuam com o sentido de consciência cívica e solidariedade e cancelem a greve total em curso no Porto de Lisboa”, refere a AOPL, em comunicado hoje divulgado.
A AOPL exorta ainda os estivadores a seguirem o exemplo de outros grupos profissionais que se encontravam em greve ou tinham agendado formas de luta eque suspenderam essas iniciativas devido à pandemia de Covid-19.
Mas o presidente do SEAL, em declarações à “Luisa”, recusou o pedido e contrapôs que “os patrões estão a usar a pandemia para tentar consumar um despedimento colectivo”. António Mariano sublinhou que o levantamento da greve permitiria a substituição imediata dos estivadores por outros contratados pelas empresas de trabalho portuário dos grupos Yilport e ETE.
O presidente do SEAL sublinhou ainda que apesar de se encontrarem em greve, os estivadores de Lisboa estão a cumprir os serviços mínimos, que incluem a movimentação de cargas para os arquipélagos da Madeira e dos Açores, bem como todas as cargas que sejam consideradas imprescindíveis para satisfazer necessidades sociais fundamentais, como estabelece a lei da greve.
“Penso que até há algum exagero nos serviços mínimos, porque estamos a assegurar o carregamento de viaturas para empresas de aluguer de automóveis na Madeira, o que não nos parece que seja um serviço imprescindível, até porque neste momento o turismo na Madeira está praticamente parado devido à pandemia”, disse o dirigente sindical.