A baixa dos fretes marítimos, por falta de procura, pode colocar mais problemas aos exportadores e importadores nacionais, avisa a APAT.
A quebra abrupta dos preços nos fretes marítimos, “aparentemente”, até seria uma excelente notícia, considerando que a parcela dos transportes “representa cerca de 50% a 60%” do total dos custos logísticos, concede a APAT, mas, sendo resultado da quebra da procura, “tem também um enorme reflexo na suspensão de escalas de navios nos portos portugueses, retirando mais uma vez competitividade às nossas empresas”, sublinha a associação dos transitários.
Ou seja, “objetivamente não é um bom sinal”, adverte. Por isso, “esperamos que se trate de uma situação passageira e que voltará a haver um equilíbrio”.
“Isso não significa que os fretes marítimos voltarão aos números praticados na pré-pandemia, até porque há que perceber qual será o custo final da política de descarbonização e de sustentabilidade ambiental para os transportes”.
No comunicado emitido, a APAT volta à carga contra as companhias de navegação que prosseguem uma política agressiva de integração vertical, “confrontando os transitários na sua actividade core”. Uma estratégia que, diz, “não aparenta ter resultado, uma vez que não é suposto fazer aquilo que não se sabe fazer bem, como tem acontecido”.
“A recusa de serviços aos transitários, a aplicação de taxas excêntricas, a diminuição da qualidade do serviço prestado, a tentativa de fazer o trabalho de logística, armazenagem, consolidação, (…) o açambarcamento de stocks, o aumento escandaloso de fretes, entre outras atitudes, trouxe-nos a um tsunami que, como qualquer outro, é muito difícil de controlar”, resume a associação dos transitários.
Como soluções, a APAT defende que a “estratégia portuária nacional tem de ser definida de uma vez por todas no sentido de ajudar a resolver estas questões estruturais e como atrair os armadores para a criação de mais ligações directas”.
E remata: “Continuamos a acreditar que haverá uma ordem na desordem, e o que pretendemos é terminar com este caos que leva a uma disrupção da cadeia logística. Ora, sendo os transitários parceiros efectivos nesta cadeia, se não forem postos de lado, acabarão por provar que a mesma se tornará mais equilibrada, se todos trabalharmos com o mesmo objectivo e com um bom senso que não tem imperado por aqui”.