O novo terminal de contentores do porto de Lisboa deverá localizar-se na Trafaria, ao invés do Barreiro, e servir os tráfegos de transhipment, defende o presidente da associação dos transitários de Portugal (Apat).
“O projecto do Barreiro só faz sentido para retirar alguns dos terminais da margem Norte do rio Tejo em Lisboa e se vocacionarmos o Barreiro para receber navios equivalentes aos que escalam actualmente a margem Norte”, sublinha Paulo Paiva, em entrevista ao “DE”.
“O que defendo é que a Trafaria tem fortes condições de ser um grande porto internacional e de transhipment, criando condições positivas para os exportadores nacionais”, acrescenta o empresário e dirigente associativo, para quem “não podemos fazer depender investimentos que têm influência na economia de questões de contestação política ou social”.
Na mesma linha, Paulo Paiva defende, para Sines, que “é importante manter o crescimento e que se decida rapidamente avançar com o investimento de expansão que está acordado num memorando de entendimento já assinado entre o anterior Governo e a concessionária para aumentar essa capacidade, que dizem que se vai esgotar dentro de três anos”.
Ainda no capítulo dos investimentos em infra-estruturas de transportes, o presidente da Apat defende a prioridade à ferrovia em bitola europeia. “Considero que é útil termos pronta a ligação a Espanha o mais depressa possível e termos a porta aberta para exportar para o resto da Europa. Temos de perceber de uma vez por todas que a bitola europeia terá de ser uma realidade e é urgente fazer o investimento nesse sentido”, afirma.
Transitários sofrem com Brasil e Angola
As crises que afectam as economias de Brasil e Angola, importantes parceiros comerciais de Portugal, estão a afectar negativamente os transitários nacionais.
O presidente da Apat estima, por isso, que este ano o volume de negócios (1,8 mil milhões de euros, em 2o14) das cerca de 250 empresas do sector deverá ressentir-se. Em particular, sublinha, “o mercado angolano deverá valer cerca de 40% do total no caso das grandes empresas e de entre 80% e 90% no caso das pequenas e médias empresas, mas não temos dados oficiais”, acrescenta Paulo Paiva.
Também por isso, mas não só, o dirigente associativo defende uma maior intervenção da AMT na regulação do acesso à actividade, depois da liberalização ocorrida em 2013.