A APDL vai gerir o terminal ferroviário da IP em Leixões, mas pretende ter outros, em Portugal e em Espanha, vincou o presidente do Porto de Leixões, na PORTO MARITIME WEEK.
No último dia da PORTO MARITIME WEEK, dedicado à Conferência Intermodal 2021, Nuno Araújo falou sobre os planos de Leixões para incrementar a intermodalidade, revelando que estão a existir fortes investimentos nas áreas da ferrovia, da digitalização e da transição energética.
Segundo o responsável, “a intermodalidade é um desafio que o País tem pela frente, numa altura em que o Governo tem envidado esforços para que se faça uma maior aposta no sector marítimo e também na ferrovia. E hoje, quando falamos em soluções logísticas, não podemos deixar de falar de ferrovia”.
Nuno Araújo anunciou que a ferrovia é, actualmente, uma prioridade para Leixões e que o acordo realizado com a IP, para a passagem da gestão do terminal ferroviário para a responsabilidade da APDL, irá aumentar significativamente o volume de carga movimentada por via ferroviária. “Há uns anos lançámos um desafio à IP para ficarmos a gerir o terminal ferroviário do porto de Leixões, que na altura era um enclave (…) o acordo alcançado vai permitir a duplicação da capacidade do terrapleno, que ficará com cerca de 100 mil metros quadrados, e terá linhas com capacidade para receber comboios até 750 metros”, disse.
Apesar de o acordo ainda não estar formalizado, uma vez que o processo ainda se encontra na AMT, Nuno Araújo adiantou que “vamos explorar directamente o terminal e não temos a mínima intenção de concessionar aquele terminal a um operador privado. Se vamos duplicar a capacidade de carga contentorizada movimentada e temos novas cargas para vir, como por exemplo o minério de Moncorvo, não podemos duplicar o número de camiões que entram no porto, que hoje é de cerca de 1 500 por dia. Isso é insustentável do ponto de vista ambiental”.
Para Nuno Araújo, a única alternativa é apostar no caminho-de-ferro: “em 2017, a ferrovia representava apenas 1% da movimentação de cargas no porto de Leixões; em 2020 representou 8% e o nosso objectivo para 2023 é chegar aos 20%. Ao gerirmos o terminal ferroviário de Leixões conseguimos oferecer soluções logísticas mais competitivas no mercado e passar uma parte significativa do aumento de tráfego previsto para a ferrovia”.
No entanto, as ambições da APDL vão muito além e a administração portuária está apostada em entrar no mercado da gestão de terminais ferroviários. “Já olhámos para outras zonas do país como a Bobadela [n.r – que ficou sem efeito devido ao anúncio do encerramento do complexo], Entroncamento, Guarda e até para Espanha. Estamos a olhar para todos os terrenos e terraplenos que tenham ligação ferroviária e nos quais a APDL pode estar interessada. Para aqueles que possam estranhar ver uma autoridade portuária a fazer ferrovia, eu digo que é a mesma coisa que ver armadores a fazer ferrovia. Trata-se de criarmos soluções logísticas no mercado e contribuir para a captação de valor económico para a região. Por isso é que estamos a olhar de forma muito séria para a ferrovia, porque queremos aumentar a resiliência do porto de Leixões, diversificar o nosso negócio e oferecer soluções”, disse.
O presidente da APDL revelou também que o porto de Leixões está a apostar na área da digitalização, indo criar o primeiro data center tier 3 público, que garante a segurança, disponibilidade e autonomia da informação tratada e da gestão dos portos; e também no sector energético. Atualmente 76% da pegada ambiental do porto de Leixões é responsabilidade do transporte marítimo e a APDL pretende fazer uma transição para energias mais limpas.
“Temos de mudar o paradigma de consumo de energia na APDL e isso faz-me mudando o mix de energias, eliminando a utilização de energias de origem fóssil (…) Mais que isso é olhar o facto de no futuro podermos ser autos-suficientes e podermos produzir energia”, rematou.
A sede de poder é algo pandémico, desatroso.