A qualidade da infra-estrutura ferroviária nacional continua a degradar-se, enquanto as taxas de uso continuam a aumentar, critica a APEF – Associação Portuguesa de Empresas Ferroviárias.
A propósito dos resultados de 2024 da CP, a APEF, em comunicado, voltou a criticar a “degradação acentuada” da infra-estrutura ferroviária (denunciada no Relatório e Contas da operadora, onde é dito que teve impacto na qualidade de serviço oferecido aos seus clientes), e o aumento da taxa de uso em cerca de 26% (que terá também limitado o impacto do aumento das receitas da transportadora pública).
“Este é um tema que preocupa o sector, dado que continuam a aumentar os custos associados à actividade ferroviária enquanto a qualidade de serviço prestada pelo gestor de infra-estrutura tem vindo a decair, o que põe em causa a competitividade da ferrovia face a outros modos de transporte, quer seja para os passageiros ou para o transporte de mercadorias”, refere o comunicado da associação (que agrega a Medway e a Captrain).
A associação reclama, por isso, de novo, a redução dos custos de utilização da ferrovia, “para se eliminar a distorção existente relativamente ao transporte rodoviário, tal como aprovado no Programa de Governo, e assim permitir o aumento da quota modal do transporte ferroviário, alinhado com os objectivos definidos pelo Estado português ao abrigo do Pacto Ecológico Europeu”.
Na mesma linha, a APEF “questiona também a proposta da Comissão Europeia de se estender até 2031 uma isenção de portagens para veículos pesados de mercadorias com zero emissões de CO2, enquanto se verificam aumentos da taxa de uso dos comboios” que diz agravar “ainda mais o problema da existência de dois pesos e duas medidas” entre a rodovia e a ferrovia.
“É fundamental endereçar o tema dos custos de contexto da ferrovia e apelamos a que haja um amplo consenso entre as principais forças políticas no sentido de implementar as medidas necessárias para se compensar o transporte ferroviário pela perda de competitividade crescente face à rodovia”, reclama o presidente da APEF, Miguel Rebelo de Sousa, citado no comunicado.