O continuado aumento da oferta e a degradação dos fretes no transporte marítimo de contentores poderá levar muitos armadores de volta às perdas, e alguns poderão mesmo não sobreviver, avisa a Drewry.
Já se “sabia” que os lucros do sector este ano ficarão muito longe dos alcançados no ano passado. A Drewry previu em Dezembro ganhos globais de 7-8 mil milhões de dólares, contra os 19 mil milhões de dólares de 2010. Mas há medida que o tempo avança, a ideia que fica é que várias companhias poderão mesmo entrar em prejuízos, avisa aquela casa.
A erosão das tarifas, que começou no último trimestre do ano passado, vem-se acentuando. A Drewry prevê agora uma quebra de 13,2% em 2011 nos tráfegos Leste-Oeste. Não tanto por causa da quebra da procura, mas sobretudo à custa do brutal aumento da oferta de capacidade.
Os armadores parecem não terem aprendido as lições, sublinha a Drewry, aludindo, entre outras coisas, à “guerra” pela manutenção das quotas de mercado. Que leva à manutenção da oferta, em prejuízo da taxa de ocupação dos navios e dos fretes no mercado spot. Que poderão a prazo levar à revisão em baixa dos contratos anuais…
Até ao momento, os fretes no mercado spot no Ásia-Europa e no trans-Pacífico já terão caído entre 40% e 50%. E anunciam-se mais navios para aqueles tráfegos.
A Drewry conclui que caso o nível dos fretes não inverta a tendência nas próximas semanas, serão vários os operadores a arriscar regressar aos prejuízos. E alguns, que lograram escapar à falência em 2010, poderão agora soçobrar.
O sector arrisca assim fazer de novo história, mas agora pelos piores motivos. Depois das primeiras perdas, em 2009, e dos lucros recorde, em 2010, o regresso aos prejuízos, em 2011, representará o mais curto ciclo económico do sector do transporte marítimo de contentores.