Os armadores gregos ameaçam deslocalizar as suas operações para outros destinos, caso o novo governo, liderado por Alexis Tsipras, decida acabar com os benefícios fiscais.
Em causa pode estar o desejo de reformular o artigo 107.º da Constituição da Grécia, que concede aos armadores isenções de impostos sobre os lucros e lhes permite pagar apenas uma taxa pela arqueação dos navios.
Aquele artigo foi publicado em 1953, na altura para permitir a reconstrução da frota mercante grega, aniquilada durante a Segunda Guerra Mundial, mas manteve-se até hoje. A própria União Europeia já questionou, há dois anos, Atenas sobre o tema, com dúvidas se é compatível com a legislação comunitária.
A cada vez que surge no ar a ameaça de retirada dos privilégios fiscais, os armadores helénicos abanam a “bandeira” da deslocalização. Mónaco, Dubai, Singapura ou até a Alemanha são destinos possíveis.
“Todos temos um plano B que podemos colocar em prática no espaço de 24 horas. Mas queremos ficar na Grécia e contribuir para o esforço comum. Com a condição, claro está, que ninguém toque nos direitos que nos são concedidos pela Constituição”, afirmou, há pouco tempo, ao italiano “La Repubblica”, Theodore Ventiamidis, líder do movimento de empresários do mar na Grécia.
A posição de força dos armadores gregos explica-se pela importância que têm para a economia do país. Representam 7% do PIB, empregam cerca de 250 mil pessoas e investiram 13 mil milhões de dólares (11,67 mil milhões de euros) na construção de novos navios em 2014, apesar da crise que afecta a Grécia.
Não por acaso, a Grécia é uma potência mundial em termos de frota controlada pelos seus empresários nacionais.