A fusão das administrações portuárias, que o Governo estará a estudar, visa “branquear os maus resultados do sector portuário na sua globalidade, desviando as receitas de Leixões para compensar a falta de dividendos de quase todos os restantes”, acusa a Associação Comercial do Porto.
Em conferência de imprensa, Rui Moreira, presidente da associação, ex-presidente da Comunidade Portuária de Leixões e empresário com uma forte ligação ao sector marítimo-portuário, não poupou nas palavras para criticar a eventual decisão do Executivo de avançar com a fusão dos portos.
“Não há um vislumbre da menor justificação técnica ou económica que a sustente. Pelo contrário é aquilo que parece: um plano para retirar toda a autonomia ao maior porto de exportação nacional, para desviar os seus recursos e cobrir deficits de portos mal geridos e mal tutelados que, ainda por cima, se dedicam maioritariamente à importação”, sintetizou o presidente da Associação Comercial do Porto.
Antes, Rui Moreira sintetizou os sucessos do Porto de Leixões, ao nível da movimentação de cargas (maioritariamente de exportação), ao nível dos investimentos (lembrou a VILPL, a nova portaria, a nova ponte, o aprofundamento dos acessos marítimos, a plataforma logística), e ao nível dos resultados financeiros (com cerca de 50% dos lucros a serem pagos ao Estado sob a forma de dividendos).
O presidente da Associação Comercial do Porto deixou ainda duras críticas à actuação do Estado relativamente aos demais portos e à sua performance operacional. Sines (“um verdadeiro escândalo nacional”) foi particularmente visado. Mas também Lisboa mereceu nota negativa, tal como Aveiro (“acumula nos últimos dez anos 14 milhões de euros de sistemáticos resultados operacionais negativos”), ou Viana do Castelo (“um desses “activos tóxicos” irremediavelmente perdidos”).
“Por tudo isso – rematou Rui Moreira -, a ideia de transferir para Lisboa a sua gestão e recursos, diluindo o Porto de Leixões na mediocridade de que agora é excepção, é um acto centralista e irresponsável e, por isso, intolerável para a Associação Comercial do Porto”.
Na conferência de imprensa, o presidente da ACP teve ao seu lado o presidente da Comunidade Portuária de Leixões, Vieira dos Santos, e João Pedro Araújo, que antecedeu Rui Moreira naquele cargo no Porto de Leixões.
Fonte oficial do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações disse à “Lusa” que a intenção do Governo é “optimizar a governância do sector”, sendo “prematuro apontar desde já para qualquer modelo institucional”.
(Leia aqui a posição oficial da Associação Comercial do Porto) http://www.associacaocomercialdoporto.blogspot.com/