A greve dos marinheiros da Atlânticoline vai manter-se até às 24 horas de quarta-feira, frustrado que foi o acordo que terá estado iminente. Em Julho e Agosto poderão haver novas paralisações.
O Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP) responsabilizou a empresa pelo recuo nas negociações.
“As partes inclusivamente tiveram acordos firmados só à espera da outra parte (Atlânticoline) redigir o documento para as partes assinarem e ficou a Atlânticoline de nos enviar, quando isso é remetido para o gabinete jurídico, naturalmente da Atlanticoline, para nossa surpresa é-nos dito que afinal aquele acordo já não é possível”, adiantou Clarimundo Batista, à “Lusa”.
O coordenador regional do SIMAMEVIP referiu que o acordo foi quebrado por indicação do departamento jurídico da Atlânticoline e acusou a empresa de não querer assumir que “aceita todas as propostas do sindicato”. “Há aqui o factor psicológico, a outra parte não cede às exigências do sindicato por achar que o sindicato ficará com a razão”, considerou.
Clarimundo Batista assumiu, no entanto, que também “houve uma série de condições” e “exigências” por parte da Atlânticoline que foram “impeditivas do fecho do acordo”.
Em causa estará “um novo sistema de avaliação e progressão de carreiras” que a Atlânticoline “quer impor”, lembrando o dirigente sindical que “o pessoal de bordo já é avaliado no âmbito do sistema de gestão da segurança”.
“A avaliação de desempenho foi claramente (um factor) impeditivo de fechar o acordo porque nós entendemos que depois, no futuro, há factores que discriminam os próprios trabalhadores”, disse.
Num comunicado difundido no domingo, o SIMAMEVIP rejeitou também que “as futuras remunerações” dos trabalhadores dependam dos “resultados líquidos positivos da empresa no ano anterior” e lembrou que “o resultado da gestão só à própria empresa deve ser imputado”.
“Se os senhores administradores da Atlânticoline aceitaram para si assinar um contrato de gestão com objectivos pelos quais se responsabilizam, do qual dependem as suas remunerações ou parte delas é um problema a que os
trabalhadores são alheios e que não aceitam para si próprios”, lê-se ainda no comunicado.
Clarimundo Batista admite que, apesar de se manterem os pré-avisos de greve, o SIMAMEVIP está ainda disponível para novas “negociações” com a administração da empresa pública de transporte marítimo de passageiros e viaturas nos Açores.
“Nós nunca dissemos, nem faz parte da nossa maneira de ser romper as negociações, mas uma vez que a empresa disse que só voltaria à mesa das negociações se se suspendesse a greve, naturalmente o ónus fica lá (na Atlânticoline)”, sublinhou.