A partir de amanhã, o porto de Leixões receberá um comboio diário carregado com automóveis da Autoeuropa, anunciou ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS Manuel Novais, administrador da Rodocargo.
Depois de um primeiro teste, bem sucedido, na passada quarta-feira, arranca, amanhã, terça-feira um serviço regular de transporte de veículos automóveis entre a fábrica da Autoeuropa, em Palmela, Setúbal, e o porto de Leixões, para exportação.
No imediato, está prevista a realização de 50 comboios, à razão de cinco comboios por semana (um por dia, entre terça-feira e sábado). Cada composição será constituída por 23 vagões, que transportarão cinco carros cada, num total de 115 viaturas, adiantou o gestor da Rodocargo, empresa responsável pela montagem de toda a operação logística, que envolve também a Pecovasa e a Medway (que assegura a tracção).
Os veículos serão concentrados na doca Norte do porto de Leixões, junto à rampa ro-ro ali existente, para posterior embarque num navio ro-ro que os transportará para Emden. A ideia, adiantou Manuel Novais, é ” trazer cá um navio ainda antes do final do ano”, o que implica “acumular cerca de 2 400 veículos”.
A maioria da produção da Autoeuropa destina-se à exportação, e mais de 80% dos veículos são escoados pelo porto de Setúbal, chegando ali sobretudo por ferrovia, numa operação de três comboios diários também montada pela Rodocargo e com tracção da Takargo.
Porquê, então, a ida para Leixões? Manuel Novais justificou-a com as limitações do terminal sadino e com o excesso de veículos que há para escoar. Contextualizando, o gestor lembrou que, por causa da crise dos chips, muitos automóveis ficaram inacabados e foram parqueados em diversas instalações à espera dos componentes em falta. Agora é tempo de finalizar esses veículos, num fluxo que acresce à produção diária da fábrica da Autoeuropa.
Acontece, acrescentou, que o parque da unidade de Palmela no porto de Setúbal não tem capacidade para acomodar esse excesso de veículos, e daí a necessidade de encontrar uma alternativa em Leixões (que já serviu de solução de recurso, recorde-se, aquando da prolongada greve dos estivadores no porto sadino).
Ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS, o responsável da Rodocargo sublinhou que a operação em Leixões representa vários desafios, desde logo, a falta de espaço para movimentar comboios de maior capacidade, mas também a falta de lugar para parquear um número substancial de veículos próximo do navio, para citar apenas duas. Mas mostrou-se esperançado em que esta operação – para já, limitada no tempo – sirva de aprendizagem para todos quantos poderão contribuir para melhorar as condições de operação de car carriers no porto nortenho, e de demonstração das potencialidades existentes junto da indústria automóvel nortenha, disse.
Porque, salientou Manuel Novais, Leixões poderá crescer no negócio do transporte de veículos, desde logo no tráfego intra-europeu, assumindo-se como alternativa a portos mais congestionados, nomeadamente os da vizinha Galiza.
Para já, e ao longo dos próximos três meses, deverão passar pelo porto nortenho perto de seis mil viaturas.