O futuro do transporte ferroviário de mercadorias à escala ibérica não depende da bitola. Qualquer uma serve, ainda que seja avisado construir linhas com terceiro carril, sustentam os autores de o “Terceiro carril e coexistência de bitolas para o tráfego de mercadorias”, o mais recente título editado conjuntamente pelo TRANSPORTES & NEGÓCIOS e pela Adsfersit, disponível em www.transportesengocios.com.pt.
Joaquim Brito dos Santos e Francisco Asseiceiro lembram que cerca de 70% do tráfego internacional rodoviário é feito com Espanha, e que a rede de bitola ibérica está ainda muito subaproveitada para o tráfego de mercadorias.
Além disso, recordam, o País dispõe de uma rede ferroviária em bitola ibérica, com continuidade em Espanha, que serve os portos e os pólos industriais, e de um parque de milhares de veículos ferroviários “que não se pode diminuir nem fazer de conta que não constitui um activo relevante”.
Os autores defendem, assim, que sejam “aproveitar as potencialidades do património construído, e sucessivamente, de acordo com as necessidades, introduzir o terceiro carril nas linhas vocacionadas para o tráfego de mercadorias, ligando-as às linhas com terceiro carril que vierem a ser também assim remodeladas do lado espanhol”.
No caso da ligação Aveiro–Vilar Formoso, que tem sido muito falada, Joaquim Brito dos Santos e Francisco Asseiceiro sustentam que o “terceiro carril, justifica-se em termos de exploração já que a Linha da Beira Alta apresenta actualmente folga de capacidade, a que acresce o facto de ter continuidade do lado espanhol com o mesmo tipo de via prevista entre Fuentes de Oñoro e Medina del Campo”.
E acrescentam: “A prudência do lado espanhol com a opção pelo terceiro carril neste troço, contrasta com a precipitação insustentável da ideia de construção de uma nova ligação em bitola internacional de Aveiro até fronteira, sabendo-se que aí ligará à via de três carris espanhola, no corredor convencional”.
Em conclusão, os autores rematam: “O futuro do transporte ibérico de mercadorias por caminho de ferro tem muito mais a ver com factores “menores”, como terminais adequados, comprimento máximo dos comboios, pendentes até 12‰, electrificação nas zonas de fronteira entre os dois países, e já agora, com alguma reindustrialização do país que possa criar produtos que os espanhóis queiram comprar… Quanto à bitola para esses transportes estamos bem, obrigado: qualquer uma serve, e por isso é avisado construir linhas com terceiro carril. Copiando os espanhóis”.
No “Terceiro carril e coexistência de bitolas para o tráfego de mercadorias”, Joaquim Brito dos Santos e Francisco Asseiceiro detêm-se ainda em aspectos técnicos relevantes sobre a instalação de vias de três (e mesmo quatro) carris.
O “Terceiro carril e coexistência de bitolas para o tráfego de mercadorias” é o 14.º título editado pelo TRANSPORTES & NEGÓCIOS e pela Adfersit, no âmbito da iniciativa “escreva sobre transportes nós publicamos” lançada por aquela associação.