O complexo logístico da Bobadela só pode fechar quando estiver operacional uma alternativa pelo menos equivalente, alerta Álvaro Fonseca, director-geral da Takargo.
Intervindo no “Conversas fora de bordo” dedicado ao Porto de Lisboa, promovido pela APAT e com o apoio do TRANSPORTES & NEGÓCIOS, Álvaro Fonseca sublinhou a importância do terminal da Bobadela para o porto da capital, e não só, e alertou para que não se encerre o terminal sem ter uma alternativa a funcionar.
E até lá – 2026, segundo foi decidido pelo Governo – haverá que garantir o mínimo de operacionalidade da Bobadela, acrescentou o responsável da Takargo. Para tal, defendeu que a gestão do terminal seja assegurada de forma independente pela Infraestruturas de Portugal, e que se mantenha um mínimo de capacidade de formação de comboios e de depot.
A propósito, José Castel-Branco (APL) reconheceu as dificuldades que o encerramento anunciado da Bobadela causará e disse que a administração portuária está à procura de uma solução alternativa na zona de Castanheira do Ribatejo.
Falando sobre a importância da ferrovia para o porto de Lisboa, Álvaro Fonseca lembrou o contributo do comboio para o alargamento do hinterland e para algum alívio da pressão da malha urbana sobre as acessibilidades ao porto.
Mas subsistem dificuldades, sublinhou, lembrando a reduzida dimensão das linhas dentro dos terminais, as dificuldades no atravessamento em Alcântara ou a necessidade de maior capacidade de estacionamento de material circulante. Sobre Alcântara, em concreto, o responsável da Takargo lembrou que a ligação é fundamental, está no PNI 2030 e é um projecto no Plano Ferroviário Nacional. O desnivelamento é complexo e caro, reconheceu, mas permitiria escoar muita carga.
O presidente do Porto de Lisboa confirmou que o desnivelamento será a melhor solução para Alcântara, até para potenciar o investimento que a Yilport fará no terminal de contentores, mas lembrou os 200 milhões de euros necessários.
José Castel-Branco adiantou que a APL tem também previsto investir na ferrovia na zona oriental do porto, de modo a aumentar a eficiência das operações portuárias, ao mesmo tempo que melhora o relacionamento do porto com a cidade naquela faixa ribeirinha.