As autoridades da União Europeia, de Itália e da Grécia estão a investigar suspeitas de fraude fiscal em larga escala realizada por grupos criminosos chineses que importam bens através do porto do Pireu.
O Organismo Europeu de Luta Anti-fraude (OLAF) já confirmou que está a trabalhar, em conjunto com as autoridades italianas, na investigação dos suspeitos de fraude fiscal, mas recusou-se a fornecer pormenores.
Porém, Fabio Botto, do Gabinete Central Anti-fraude de Itália, foi mais longe: “A evasão ao pagamento de IVA é total, com enormes prejuízos para as autoridades fiscais nacionais e para a Comunidade”, afirmou, citado pelas agências noticiosas internacionais.
Aquele responsável contabiliza em dezenas de milhões de euros o IVA não liquidado em Itália.
Os grupos importam bens, muitas vezes vestuário e calçado contrafeitos, e declaram um valor inferior ao real nas alfândegas da UE para evitarem os impostos de importação, de acordo com a mesma fonte. Além disso, mentem sobre as empresas que recebem as mercadorias, permitindo-lhes fugir ao IVA.
A Unidade de Crimes Financeiros da Grécia está, de forma separada, a conduzir uma investigação sobre um caso suspeito de fraude fiscal envolvendo produtos chineses importados via o Pireu.
Tanto as autoridades italianas como as gregas indicam que nenhuma das investigações tem provas de qualquer irregularidade cometida pelas autoridades do porto que serve Atenas.
A chinesa Cosco Shipping tem uma participação maioritária na Autoridade Portuária do Pireu (APP), que administra um terminal de contentores. Além disso, uma subsidiária do grupo chinês Cosco detém e gere outros dois terminais.
A Cosco já reagiu num comunicado em que indica que “tem seguido, de forma consistente e estrita, nas suas operações globais, as leis locais e internacionais, e opera de forma legal”.
A APP indicou, por seu turno, não ter recebido nenhuma informação sobre grupos criminosos usarem o porto, e que alertaria as autoridades se isso acontecesse. A administração portuária informa ter tomado todas as medidas necessárias para garantir que as mercadorias tenham supervisão aduaneira e que “não é responsável, em nenhuma circunstância, pela realização de verificações de actividades ilegais”.
O porto do Pireu é, cada vez mais, uma porta comercial para a China na Europa.