Duas das medidas mais controversas do Pacote da Mobilidade serão contrárias ao Green Deal. A Comissão Europeia quer relançar a discussão.
As medidas em causa são o retorno dos camiões ao país de origem a cada oito semanas e a aplicação de quotas de cabotagem ao transporte internacional combinado. Estudos feitos para a Comissão concluíram que ambas promovem o aumento das emissões de CO2.
O caso mais grave será o do retorno dos camiões ao país onde a empresa está estabelecida. A medida visa acabar com o deslocamento indefinido dos motoristas – regra geral de países do Leste europeu -, impondo o regresso a casa a cada oito semanas.
O estudo agora divulgado por Bruxelas concluiu que o acréscimo de viagens que a medida implica aumentará as emissões de CO2 em 2,9 milhões de toneladas/ano já em 2023, ou o equivalente a até 4,8% das emissões anuais do transporte rodoviário internacional de mercadorias.
Já as quotas de cabotagem resultarão num aumento de 397 mil toneladas de CO2/ano, além de prejudicarem o transporte ferroviário e combinado, refere um segundo estudo.
Os estudos foram pedidos pela comissária dos Transportes, a romena Adina Valean, que desde a primeira hora manifestou reservas ao Pacote da Mobilidade, aprovado em Julho do ano passado. O lhe valeu ser acusada de ser favorável aos estados-membros do Leste.
Com as conclusões dos estudos a apontarem para que as duas medidas sejam contrárias aos objectivos do Green Deal, a Comissão Europeia propõem-se relançar o debate sobre as matérias com os estados-membros, o Parlamento Europeu e todas as partes interessadas.
Ambas as medidas agora postas em causa deverão entrar em vigor em 2022.