A Cabo Verde Airlines precisa de 15 milhões de euros para voltar a voar. E só o conseguirá com a ajuda do Estado. A renacionalização pode vir a estar sobre a mesa.
Só uma “intervenção pública” pode fazer a Cabo Verde Airlines (CVA) voltar a voar, após 11 meses parada, garantiu o vice-primeiro ministro cabo-verdiano, Olavo Correia.
“Para a retoma dos voos, dados que nós temos neste momento apontam para valores à volta de 15 milhões de euros”, precisou o também ministro das Finanças, em conferência de imprensa conjunta, na cidade da Praia, com o homólogo do Turismo e Transportes, Carlos Santos.
O encontro serviu para dar a conhecer as medidas de um novo acordo que o Estado cabo-verdiano, que ainda detém uma participação directa de 39% na Cabo Verde Airlines (CVA), vai assinar com os investidores islandeses, que desde 2019 lideram a empresa com 51% das acções.
No imediato, o Estado vai avalizar um empréstimo de quatro milhões de euros junto do Banco Cabo-verdiano de Negócios (BCN) para viabilizar o reinício das operações.
Para a retoma dos voos, o ministro das Finanças sublinhou que o governo tomou uma “opção clara”, que passa por redimensionar a empresa e a sua própria ambição em termos de rotas e de frequências, número de aviões e custos operacionais, “por forma a que a contribuição do Governo e os demais acionistas seja a mínima possível”.
O ministro da Finanças disse que o governo mantém o interesse no hub na ilha do Sal, mas que neste momento tem de “fazer um pausa”, para priorizar o mercado étnico, da diáspora, o apoio à retoma do turismo e a ligação dos principais mercados de Cabo Verde com os hubs internacionais.
Olavo Correia disse que, em teoria, existem várias soluções e caminhos para a Cabo Verde Airlines, não excluindo, por isso, a hipótese de nacionalização da empresa. “A decisão que podemos vir a tomar amanhã vai depender da evolução do mercado, da avaliação dos pressupostos, da vontade do Governo”, pontuou.
A CVA está parada desde Março de 2020 devido às restrições então impostas para conter a transmissão da Covid-19, e não chegou a retomar as operações comerciais.
Na altura, a empresa contava cerca de 330 trabalhadores e uma frota de três Boeing, com rotas para África, América e Europa, a partir do hub na ilha do Sal.
Em Março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV, por 1,3 milhões de euros, à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no sector da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
Actualmente, permanece no Estado uma quota de 39% do capital social da companhia e os restantes 10% são detidos por emigrantes e trabalhadores.