A Cabo Verde Airlines (CVA) não tem uma previsão para retomar os voos comerciais, apesar da reabertura das fronteiras do arquipélago.
O governo de Cabo Verde reabriu as fronteiras aéreas para a realização de voos comerciais, mas a Cabo Verde Airlines (CVA) não sabe quando retomará a operação, por falta de passageiros, afastados pela Covid-19.
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“É lamentável que, no mesmo dia em que é anunciada a abertura da fronteira [desde 12 de outubro], Cabo Verde registe o maior número de casos de covid-19 jamais registados no país num dia [11 de Outubro, 159 casos]. Isto irá reduzir o incentivo para os turistas escolherem Cabo Verde como destino de férias”, alertou o presidente do Conselho de Administração da CVA, Erlendur Svavarsson.
A posição consta de uma mensagem divulgada pelo administrador da companhia aérea, privatizada há mais de um ano e meio e liderada desde então por investidores islandeses, mas que desde Março deste ano não realiza voos comerciais, devido à suspensão das ligações internacionais pelo governo cabo-verdiano, para conter a pandemia.
“A CVA está a envidar todos os esforços para assegurar que possamos regressar a operações eficientes e fiáveis, assim que o ambiente comercial e a situação pandémica tenham diminuído. A abertura de fronteiras estrangeiras e o aumento dos fluxos de passageiros serão as principais métricas para essa decisão”, acrescenta Erlendur Svavarsson, na mesma mensagem.
“A CVA considera a súbita abertura das fronteiras de Cabo Verde como um primeiro passo emocionante na longa viagem que se avizinha para revigorar a indústria do turismo e a economia nacional de Cabo Verde. A companhia aérea espera ser parte integrante dessa viagem. Com passos cuidadosos e medidos chegaremos ao fim desta tumultuosa expedição, ligando mais uma vez quatro continentes através do hub das companhias aéreas na ilha do Sal”, acrescenta o administrador.
“Lamentavelmente, podemos também constatar que a maioria dos nossos principais mercados e segmentos e grupos de passageiros tradicionalmente servidos ainda permanecem inacessíveis, uma vez que a maioria desses passageiros se abstém de reservar voos para Cabo Verde devido às elevadas taxas de infeção, tanto a nível mundial como local”, lê-se.
Desde as 00h00 de segunda-feira, 12 de Outubro, que Cabo Verde reabriu o arquipélago a voos internacionais comerciais, algo que não acontecia desde 18 de Março.
A administração da CVA já tinha admitido, antes da pandemia de Covid-19, que necessitava de um empréstimo de longo prazo para viabilizar a sua actividade. Entretanto, são conhecidas negociações desde Maio entre o governo e os investidores islandeses para um apoio financeiro estatal, ainda sem entendimento.
Em Março de 2019, Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde), por 1,3 milhões de euros, à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no sector da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
O governo cabo-verdiano concluiu este ano a venda de 10% das acções da CVA a trabalhadores e emigrantes, mas os 39% restantes, que deveriam ser alienados em bolsa, a investidores privados, vão para já ficar no domínio do Estado, decisão anunciada pelo Executivo devido aos efeitos da pandemia.