A Cargolux terá de tomar decisões difíceis e inverter a estratégia se quiser sobreviver. A afirmação, em jeito de aviso, é do novo CEO da companhia luxemburguesa, Richard Forson, que substituiu Dirk Reich no cargo em Agosto foi feita, em entrevista à “Air Cargo News”.
Richard Forson questiona-se, mesmo, se a Cargolux poderá sobreviver nos moldes actuais, como companhia “all cargo”, com uma concorrência feroz e pouco mercado. “Podemos sobreviver como companhia no actual ambiente de preços médios de frete?”.
O executivo sublinha que a mudança de estratégia será para a companhia tornar-se “sustentável na actual conjuntura, mas, mais importante, para posicioná-la para a operação no século XXI”. Forson salienta ainda que a Cargolux poderá ter de diversificar os negócios em que está presente para “outras áreas… talvez não relacionadas com o ar”.
Qatar Airways e China: dois problemas
Além dos problemas relacionados com o ambiente de mercado, a Cargolux está, de acordo com fontes citadas pelo “The Loadstar”, a braços com dois problemas adicionais. Um são as “reminiscências” da extinta parceria com a Qatar Airways, outro é a parceria na China.
Sobre o primeiro, o acordo de parceria em 2011 permitiu à companhia do Médio Oriente obter liberdade de tráfego no Luxemburgo e, no Verão, a Qatar Airways anunciou a mudança do hub europeu de mercadorias de Liège para o Grão-Ducado. Para já, a opção não é uma ameaça, mas esse cenário pode, porém, mudar.
O outro problema da Cargolux é o hub em Zhengzhou. “Ter um hub no Luxemburgo já coloca a Cargolux numa posição desfavorável – tem de transportar cargas por camião, acrescentando tempo e custos à operação. Com um hub secundário semelhante em Zhengzhou, onde também é preciso colocar as mercadorias em camiões, as dificuldades são duplicadas e os custos acrescidos”, refere a mesma fonte.
Anterior CEO acusado
Neste cenário de mercado e da própria empresa, a Cargolux é, ainda assim, das poucas companhias que está a investir na aquisição de novos aviões cargueiros. A fonte do “The Loadstar” acusa o anterior CEO da companhia, Dirk Reich, de nem sempre ter actuado em favor dos interesses da Luxemburgo durante os dois anos em que liderou a empresa.
A mesma fonte prossegue essa tese com o facto de Reich ter alegado querer “passar mais tempo com a família” quando anunciou a saída da Cargolux, mas que isso acabou por significar gerir uma companhia da sua família, a R+R International, que vai abrir um escritório em… Zhengzhou.
A fonte do “The Loadstar” vai mais longe e acusa Reich de ter sido um “yes man” para os chineses, colocando os interesses de Zhengzhou à frente dos do Luxemburgo.