A bitola ibérica não é um entrave ao desenvolvimento do transporte ferroviário de mercadorias, insistiu Carlos Vasconcelos (Medway), hoje, no Congresso da Adfersit.
Não é por causa da bitola que o transporte ferroviário não é competitivo (face à rodovia), defendeu Carlos Vasconcelos, no painel dedicado à interoperabilidade ibérica e europeia. Ele há outros constrangimentos, como a impossibilidade de realização de comboios de 740 metros, a falta de linhas electrificadas, as pendentes excessivas ou a multiplicidade de sistemas de controlo de tráfego, enumerou.
Constrangimentos conhecidos e reconhecidos, e que podem ser resolvidos num curto espaço de tempo e com um investimento relativamente baixo, sublinhou o presidente da Medway. E que se traduzirão num aumento da capacidade de carga, na diminuição dos custos com combustível e na redução das emissões poluentes.
Tratando de demonstrar que a bitola não é, por si, um entrave, Carlos Vasconcelos lembrou que na Península Ibérica não há diferenças de bitola e no entanto a quota da ferrovia no transporte de mercadorias fica-se pelos 6-8%. Outro exemplo: todos os dias chegam à Europa comboios da China, depois de passarem por quatro bitolas diferentes, e são competitivos. E outro ainda: o “comboio da Autoeuropa”, que durante alguns meses ligou Portugal e a Alemanha.
Carlos Vasconcelos desvalorizou também a necessidade de transferir as cargas na fronteira dos Pirinéus: uma carga Portugal – Alemanha custa 1 900 / 2 000 euros e pode demorar 72 horas; o transbordo das cargas custa 50 euros e demora 4-6 horas, disse.
A bitola europeia não será, pois, a panaceia para os males do transporte ferroviário de mercadorias. Mas quando acontecer será “outro sobre azul”, concedeu o líder da Medway.
O 14.º Congresso da Adfersit decorre hoje e amanhã, sob o mote “Mobilidade Sustentável para todos”. O TRANSPORTES & NEGÓCIOS é Media Partner.