A Carris Metropolitana inicia as operações amanhã, quarta-feira, em cinco concelhos da Margem Sul, para daí a um mês se estender a toda a Área Metropolitana de Lisboa (AML).
A Carris Metropolitana, a face visível do novo sistema único e integrado de transportes, que numa segunda fase funcionará em mais dez municípios da AML, começa amanhã a operar nos municípios de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal, que, juntamente com o Barreiro, fazem parte da ‘área 4’ de operação.
No entanto, o Barreiro optou por manter a circular no concelho a sua marca própria de transportes, os Transportes Colectivos do Barreiro (TCB), embora o município se mantenha como um interface intermunicipal para os autocarros da Carris Metropolitana com origem ou destino nos concelhos vizinhos.
“Nós fomos sentindo, ao longo deste tempo, que, nesta área 4, este conjunto de municípios era aquele que, do ponto de vista do transporte rodoviário e da ligação depois aos outros meios de transporte, era aquele mais deficitário, e por isso também [é neles que] começa esta operação”, disse à “Lusa” a presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa e também da Câmara Municipal de Amadora.
Segundo Carla Tavares, a operação é “muito complexa, mesmo sob o ponto de vista tecnológico, porque tem uma numeração e uma abordagem diferentes”, com ajustamentos em relação à forma como os transportes rodoviários funcionaram até aqui, embora existam “poucas alterações relativamente ao local das paragens”.
A entrada em funcionamento por fases permitirá fazer alguns “ajustamentos” e optimizar “a resposta que se pretendeu criar com esta mega-operação na área de transportes, para que depois em Setembro, quando começar o ano lectivo, tudo esteja já mais agilizado”, explicou a autarca.
“Estamos a falar de 62 linhas novas nesta área 4, num total de 153 linhas. Serão cerca de 365 percursos com reforço de horário. Estamos a falar naturalmente de novos autocarros, com uma idade média que não ultrapassa um ano e meio, novas carreiras como já referi, novos percursos, autocarros mais modernos sob o ponto de vista ambiental, autocarros com ‘wifi’, autocarros com USB”, descreveu.
Nestes cinco concelhos da Margem Sul estará a funcionar uma frota composta por 230 autocarros, que serão amarelos, como os da Carris lisboeta, com um objetivo de “harmonização” dos transportes na AML, mas terão uma nova numeração.
“Por exemplo, esta é a ‘área 4’, pelo que o início da designação das carreiras começará sempre por 4, seguido do número respeitante a cada um dos municípios”, explicou.
No site www.carrismetropolitana.pt está disponível um conversor que permite saber qual o novo número do autocarro que o passageiro apanhava até aqui, além de consultar os horários.
Houve também um reforço dos espaços onde se podem comprar presencialmente bilhetes e carregar passes, num total de 56 agentes só nesta área.
O tarifário da Carris Metropolitana – que inclui a manutenção dos actuais passes Navegante de 30 e 40 euros (municipal e intermunicipal) e dos respectivos descontos já existentes – prevê, para viagens ocasionais, bilhetes a partir de 1,25 euros (comprados a bordo) ou 0,85 euros (pré-pagos).
Daqui a um mês, a 1 de Julho, os autocarros amarelos da nova transportadora começarão a circular também nas restantes três áreas de operação, uma outra na Margem Sul (a ‘área 3’ em Almada, Seixal e Sesimbra) e duas na Grande Lisboa: a ‘área 1’ inclui Amadora, Cascais, Lisboa, Oeiras e Sintra e a ‘área 2’ Loures, Mafra, Odivelas e Vila Franca de Xira.
Lisboa e Cascais mantêm as suas transportadoras municipais, a Carris e a MobiCascais, respectivamente, embora estejam ligados por carreiras da nova Carris Metropolitana aos outros municípios da AML (ao nível de bilhética ou operações intermunicipais estão abrangidos pelo modelo metropolitano, mas as actuais carreiras das empresas municipais continuam a funcionar).
As alterações aos transportes rodoviários nesta região começaram há mais de três anos, com a criação, em Abril de 2019, do novo passe Navegante, que reduziu para 40 euros o máximo do valor do passe Metropolitano, entre concelhos, e para 30 euros o valor máximo do passe municipal em cada um dos 18 concelhos da AML.
Entretanto, a AML, como autoridade de transporte, constituiu uma nova empresa, a Transportes Metropolitanos de Lisboa, que vem agora harmonizar os transportes rodoviários na área metropolitana através da marca Carris Metropolitana.
“Estamos a falar de 1,2 mil milhões de euros [de investimento] para harmonizar toda a resposta de transporte rodoviário na área metropolitana”, salientou Carla Tavares.