A Cimpor está a tentar dinamizar um grupo de empresas interessadas em investir no aprofundamento do canal navegável do Tejo até Alhandra. A obra permitiria utilizar navios fluvio-marítimos de 10 mil toneladas, capazes de levar as cargas directamente até aos destinos africanos.
O projecto já foi apresentado ao Governo, e uma decisão deverá ser tomada ainda este ano, adiantou o CEO da cimenteira ao “Negócios”. De acordo com os estudos promovidos pela própria Cimpor, o custo do investimento ascenderá a cerca de 40 milhões de euros.
Demasiado para garantir o retorno se executado exclusivamente pela Cimpor. Mas viável, defende Ricardo Lima, se envolver outras empresas da região que também poderão tirar partido de uma tal melhoria. Além disso, há a possibilidade do recurso a fundos comunitários.
A Cimpor detém a concessão de um terminal com 177 metros de cais, fundos de -5 metros e capacidade para movimentar 430 mil toneladas/ano, junto às suas instalações fabris em Alhandra. Actualmente, o cimento é ali carregado em barcaças de até 2,5 mil toneladas, fazendo a operação de trasfega para navios de maior porte no Mar da Palha.
As dragagens propostas permitiriam a subida do Tejo até Alhandra de navios de até 10 mil toneladas, capazes de navegar em alto mar, e que por isso poderiam carregar directamente as exportações para África “o que nos daria uma competitividade adicional interessante”, sublinhou o CEO da cimenteira.
Recorde-se que o Grupo ETE, que opera serviços de barcaças no Tejo, tem um projecto de desenvolvimento de um cais comercial junto à futura plataforma logística de Lisboa Norte, em Castanheira do Ribatejo (Vila Franca de Xira), que poderia também beneficiar da melhoria das condições de navegabilidade do rio.