Coimbra e a região são “marginalizadas na mobilidade” face a Lisboa e ao Porto, acusa o presidente da Câmara local, baseado nos resultados de um estudo da Trenmo. “Há aqui uma discriminação e uma desconsideração grave de Coimbra e da região”, declarou à “Lusa” Manuel Machado.
Uma viagem de comboio entre Coimbra e Aveiro, no serviço regional da Linha do Norte, custa 5,25 euros, para uma distância de 57 quilómetros percorrida em 59 minutos. Em contrapartida, por uma deslocação no sentido descendente, entre Porto e Aveiro, e um percurso mais longo, de 66 quilómetros, mas com o mesmo tempo de viagem, de 59 minutos, cada passageiro “paga apenas 3,40 euros”, comparou.
O autarca do PS baseava-se num “estudo de diagnóstico” sobre os transportes e a mobilidade no território da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, encomendado por esta entidade à Trenmo.
“Temos um serviço suburbano muito ineficaz e com um tarifário muito elevado em relação a Lisboa e Porto”, criticou, rejeitando o que classificou como “uma tentativa de dar o nó cego e uma segregação injustificada” do território, numa “lógica do serviço público que tem de ser encarada de uma forma totalmente diferente”.
“Na região, a oferta da CP é insuficiente e desajustada às necessidades das populações”, sublinhou António Machado.
O presidente da autarquia de Coimbra lamentou ainda que uma viagem de comboio da cidade à Figueira da Foz, numa distância de 42 quilómetros, demore entre 54 e 81 minutos, pelo preço de 2,65 euros, enquanto mais a Norte, um comboio percorre em 49 minutos a ligação ferroviária entre Porto-Campanhã e Braga, ao longo de 55 quilómetros, custando o bilhete 3,10 euros. “Com uma oferta que não responde às necessidades dos movimentos pendulares, as pessoas são induzidas a desistir do comboio”, lamentou.
Manuel Machado lembrou, igualmente, que a Câmara de Coimbra “assume por inteiro o custo dos transportes” públicos urbanos, que ascende a nove milhões de euros por ano, ao contrário de Lisboa e do Porto, cujos transportes colectivos são subvencionados através do Orçamento de Estado.
O autarca socialista saudou as “intervenções de manutenção” da estação de Coimbra B que a Infraestruturas de Portugal anunciou “para os próximos meses”. “Qualquer intervenção de requalificação é bem-vinda. Mas é urgente que se faça mais do que isso”, defendeu, ao realçar que o município “já fez a sua parte no espaço envolvente” da estação, designadamente ao nível do estacionamento e dos arranjos urbanísticos.
Machado repudiou ainda a falta do serviço público ferroviário no Ramal da Lousã, suspenso em 2009 com a promessa de um sistema de metro que, numa fase posterior, deveria servir também a cidade de Coimbra. No entanto, preferiu não se pronunciar sobre a solução alternativa, que alegadamente passa pela instalação de autocarros elétricos, frisando que o actual Governo ainda não facultou os estudos à autarquia.