A recuperação dos corredores ferroviários angolanos poderá ter um “enorme impacto na economia” do país nos próximos anos, afirma a Economist Intelligence Unit (EIU). Mas os trabalhos só deverão ficar concluídos em meados do próximo ano.
No mês passado, três anos e meio depois do previsto, foi reaberto ao tráfego de passageiros o primeiro dos três corredores ferroviários, o Caminho de Ferro de Luanda (CFL), que liga a capital angolana a Malange.
Juntamente com os caminhos de Benguela (CFB) e de Moçâmedes (CFM), o CFL constituía a rede ferroviária da administração colonial portuguesa, que firmou Angola como uma plataforma para matérias-primas do interior do continente, estimulando o rápido crescimento económico registado nas décadas de 60 e 70 do século passado.
Com linhas de crédito da China, em 2004 foi lançado um projecto de quatro mil milhões de dólares para reconstruir e modernizar estes três corredores.
Os trabalhos no CFL foram os primeiros a começar, em Fevereiro de 2005, a cargo do grupo ferroviário China Railway Construction Corporation (CRCC) e envolvendo o Fundo Internacional da China, mas o projecto debateu-se com problemas de financiamento quando eclodiu a crise económica global, relata a EIU, citada no “macauhub”.
O novo CFL tem 424 quilómetros, com material circulante novo, 20 novas estações e três instalações de abastecimento de combustível operadas pela Sonangol.
Para já estão previstos serviços diários em ambas as direcções, mas ainda não está determinado em que data o corredor estará totalmente em operação.
Entretanto foram retomados os trabalhos de reconstrução do CFM, interrompida em meados do ano passado devido a problemas de financiamento, e a linha entre Matala e Menongue deverá estar concluída e em operação já no final deste ano.
Quanto ao CFB, ainda não foi anunciada a data de conclusão, mas segundo a EIU não deverá haver circulação na linha antes de meados do próximo ano.
As obras de reconstrução do CFB estão a cargo da empresa chinesa China Railway 20 Bureau Group Corporation, estando previsto que o comboio de passageiros inaugural circule entre o Lobito e o Luau, na província do Moxico.
De acordo com as autoridades angolanas, já estão reconstruídos mais de 400 quilómetros e em fase de conclusão as obras de construção ou reparação de 75 estações.
O governo de Angola investiu recentemente mais de 89 milhões de dólares na compra à empresa chinesa Machinery Equipment Import e Export Corporation de novos equipamentos ferroviários para os CFB – oito locomotivas, 66 carruagens e 94 vagões fechados e abertos.
Uma vez concluídos os trabalhos de recuperação, os corredores ferroviários servirão os principais portos marítimos do país – Luanda, Lobito e Namibe -, “permitindo a Angola restabelecer-se como com um corredor de transportes para as exportações de matérias-primas da República Democrática do Congo e da Zâmbia”, adianta a EIU no seu mais recente relatório sobre aquele PALOP.