O ano de 2023 foi marcado pela guerra, inflação e grandes acontecimentos, como a dissolução do governo português, que colmatou num cenário de incerteza económica a nível nacional.
A nível macroeconómico, ainda em outubro de 2023, o Banco de Portugal antecipou que o crescimento da economia portuguesa abrandaria para 2,1% em 2023, tendo o país verificado um crescimento de apenas 1% no consumo interno, em relação a 2022. Um valor bastante inferior face ao período homólogo, no qual tinha existido um crescimento na ordem de 5,6%. Por outro lado, as exportações nacionais foram cruciais para a economia portuguesa, tendo aumentado na ordem dos 4,1%, face a 2022.
Este cenário fez-se sentir também no mercado de correio expresso, que após ter verificado um crescimento bastante acentuado entre 2020 e 2021, e continuar com taxas globais de crescimento relevantes, verificou alguma estabilização na procura.
Este novo ano deverá ser marcado por um menor peso do segmento B2B, e o desenvolvimento do setor B2C…
Desta forma, face aos resultados e tendências já verificados em 2023, é expectável que o mix de serviços prestados pelo setor seja impactado, levando a uma evolução contida do mercado de correio expresso em 2024.
Este novo ano deverá ser marcado por um menor peso do segmento B2B, e o desenvolvimento do setor B2C, que, face à robustez dos fluxos de exportações e o crescente potencial do e-commerce, deve continuar a ver impulsionado o crescimento dos serviços de entregas internacionais. Uma tendência que se deve ao facto do setor B2C ser a área com maior taxa de crescimento no mercado de correio expresso, fundamentalmente, graças às entregas para as plataformas de e-commerce, tendo em conta que os e-shoppers europeus realizam uma média de 32 encomendas ao ano – um valor bastante acima da média portuguesa, em que os e-shoppers realizam, em média, 4,9 encomendas por ano.
Em paralelo, o setor de correio expresso enfrenta ainda o desafio acrescido de ter de reter e atrair mão de obra, o que com a subida do salário mínimo nacional e a falta de profissionais qualificados se torna cada vez mais complicado, como é o exemplo dos condutores. Por conseguinte, é expectável que este cenário contribua para o aumento dos custos operacionais, levando ao aumento dos custos dos serviços disponibilizados pelos operadores de last-mile, e à contenção da procura.
Assim, face a um contexto interno de instabilidade política em Portugal e de tensões geopolíticas a nível internacional, este novo ano continuará a ser de muita incerteza para os mercados, de forma global, o que, consequentemente, irá afetar a confiança dos consumidores. Desta forma, o mercado de correio expresso terá um desafio acrescentado, mas manterá a rentabilidade, uma vez que apesar de algum abrandamento no setor B2B, e nos fluxos internacionais, o setor B2C continuará a crescer e potenciar o negócio, apesar dos vários desafios.
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OLIVIER ESTABLET
Presidente da APOE