A redução das emissões do transporte marítimo, prevista nos acordos de Paris, passará muito pelos navios já existentes, segundo um estudo da Universidade de Manchester.
O estudo da universidade inglesa, publicado na revista “BMC Energy”, aconselha que se dê mais atenção à modernização de navios existentes com soluções verdes, em vez de depender dos navios zero emissões líquidas do futuro. Isto é, de acordo com os responsáveis pela análise, ainda mais importante se for tida em conta a vida útil dos navios. A idade média dos navios desmantelados em 2018 era, de acordo com o World Shipyard Monitor, da Clarksons, de 28 anos.
Como muitos navios que estão a navegar actualmente continuarão a fazê-lo em 2030, isso torna mais difícil atingir as metas de redução do que em outros modos de transporte, com renovações mais rápidas de frotas. Se nada for feito, os navios actuais deverão emitir mais 100% do que o previsto pelos acordos de Paris, segundo o estudo.
O sector do transporte marítimo tem, também, de cumprir as metas da IMO 2050, que apontam para uma redução de pelo menos 50% nas emissões de gases de efeito estufa até àquele ano e uma redução de pelo menos 40% da intensidade média de carbono, ou CO2 por tonelada-milha , até 2030 face a 2008.
“Ao contrário da aviação, existem muitas maneiras diferentes de descarbonizar o sector dos transportes, mas deve ser dada uma atenção muito maior à modernização da frota existente, antes que seja tarde de mais para cumprir a meta de zero emissões líquidas”, indica, no estudo, John Broderick, professor especialista em alterações climáticas da Universidade de Manchester.
O estudo analisou dados de CO2, idade do navio e desmantelamento dos 11 mil navios incluídos no novo esquema de monitorização de emissões da União Europeia (EU MRV), para fornecer informações sobre a velocidade a que a infra-estrutura de transporte nova e existente deve ser descarbonizada.
Os dados da MRV da UE mostram que, embora os novos porta-contentores estejam entre os navios mais eficientes em termos de energia (em gCO2/t nm), o facto de serem tão grandes, tão novos e duradouros significa que têm um impacto desproporcionalmente grande no total de emissões.
Os autores do estudo acreditam que medidas como o slow steamingsão adequadas para reduzir as emissões no segmento, podendo baixá-las em 27%. Isso é ainda reforçado pela evidência de que os navios porta-contentores viajam em média a velocidades mais altas do que outros tipos de navios, o que significa, de acordo com o análise da Universidade de Manchester, que há margem para reduzir as emissões.