O mundo não está preparado para a vacina contra a Covid-19 que a Pfizer anuncia. A maior parte do planeta não tem condições para a manusear.
Que a distribuição massiva das vacinas contra a Covid-19 representava um desafio logístico exigente, já se sabia. Agora, o problema agravou-se com a notícia de que a vacina da Pfizer implica temperaturas de 70 graus negativos.
A semana começou bem, com o anúncio pela Pfizer de que a vacina para a Covid-19 que está a desenvolver com a BioNTech demonstrou uma eficácia de 90%. Porém, a “má notícia” (pelo menos para os logísticos) é que a vacina terá de ser armazenada a 70 graus abaixo de zero, desde que é produzida até que é inoculada…
É um facto que a maioria dos países, e mesmo vários dos mais ricos, não dispõem de equipamentos de ultra-frio para lidarem com estas vacinas. Um inquérito recente realizado pela phamra.aero e pela Tiaca permitiu concluir que apenas 15% dos inquiridos disseram ter capacidade para lidar com vacinas que exijam temperaturas de -80 graus, e menos de metade dos que disseram ter capacidades de frio com temperaturas negativas disseram tê-lo em todas as suas instalações.
A situação será particularmente desafiante em países da Ásia, de África e da América Latina, com temperaturas elevadas e baixas infra-estruturas logísticas e de transporte.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), para acabar com a pandemia será preciso vacinar 70% da população mundial. Só na Ásia vivem uns 4,6 mil milhões de pessoas, ou 3/5 dos habitantes do planeta…
À “Reuters”, responsáveis da Pfizer avançaram que a farmacêutica desenvolveu procedimentos e ferramentas para ajudar os operadores logísticos e de transporte a armazenarem, transportarem e monitorizarem em permanência a temperatura das vacinas.
Ainda assim, o desafio será enorme, particularmente no “last mile”, e mais ainda no caso das regiões menos desenvolvidas, nas entregas em zonas terrestres remotas ou em ilhas.
A exemplo do que aconteceu com os ventiladores na primeira vaga da pandemia, poderá agora estar iminente uma “corrida” a equipamentos de frio.
Em alternativa, será de esperar que no entretanto surjam outras vacinas, igualmente eficazes mas menos exigentes no seu manuseamento.
