As companhias de cruzeiros associadas da CLIA estão a investir milhares de milhões de euros para atingir as emissões zero em 2050. Faltam, porém, as necessárias infra-estruturas em terra.
O futuro do turismo de cruzeiros esteve hoje em debate em Lisboa, no âmbito da BTL, e no final ficou a sensação de que as companhias de navegação estão a fazer a sua parte, faltando que os governos, autoridades locais e portos façam a sua para, juntos, garantirem a sustentabilidade ambiental do sector.
Actualmente, os associados da CLIA operam 11 navios equipados para navegar a GNL, perto de 80% da sua frotas dispõe de equipamentos de tratamento das águas residuais e de redução das emissões e 40% está preparada para ser abastecida de energia a partir de terra quando atracada, sublinhou Sascha Gill, vice presidente para a Sustentabilidade da CLIA.
Em 2028, dentro de apenas cinco anos, haverá 38 navios a GNL. Mas as companhias estão atentas a outras fontes de energia alternativas, o que inclui a preparação dos seus navios para a utilização de baterias elétricas, biocombustíveis avançados e células de combustível de hidrogénio, foi dito.
Pela mesma altura, 2028, 85% da frota da CLIA (em número de navios) estará equipada para o shoreside power connectivity, acrescentou o dirigente.
Para o ano corrente, a CLIA prevê a entrada em operação de 14 navios das companhias associadas, com o que a frota passará a contar 293 navios. Nos próximos cinco anos, prevê-se a entrega de 62 navios, num investimento total estimado de 38 mil milhões de euros, a maioria concentrado na Europa.
Mas nem todos caminham ao mesmo ritmo para o objectivo das emissões zero em 2050. No relativo ao abastecimento de energia a partir de terra, por exemplo, Sascha Gill alertou para a reduzida rede de portos europeus já preparados para fornecer energia aos navios, mesmo se a União Europeia assumiu o compromisso de atingir uma cobertura total até 2035.
A propósito, o administrador do porto de Lisboa, António Caracol deu conta que a APL está a preparar o concurso público para disponibilizar o abastecimento de energia eléctrica shore-to-ship no terminal de cruzeiros (e nos demais terminais da zona oriental da cidade) em 2024-25. O investimento previsto, público e privado, é de 30 milhões de euros, disse, dividido em duas fases.