A demissão de António Costa, hoje anunciada, deverá atrasar a tomada de decisões há muito esperadas e com impacto nos diferentes modos de transporte.
A privatização da TAP, que estava a dar os primeiros passos, será, muito provavelmente, um dos dossiers afectados pela demissão do primeiro-ministro, que poderá arrastar consigo o Executivo, dependendo da solução que o Presidente da República venha a adoptar para resolver a crise governativa.
Do mesmo modo, a decisão sobre a futura solução aeroportuária para Lisboa, que o Executivo prometeu ir ser célere assim a Comissão Técnica Independente terminasse o seu trabalho, deverá ser adiada. Fica, aliás, a dúvida sobre se os “remédios” entretanto considerados pela tutela para aliviar a pressão sobre o aeroporto Humberto Delgado se irã mesmo concretizar: serão os casos do encerramento da base de Figo Maduro e da transferência dos voos charter para Cascais.
Mas há mais dossiers em risco. No sector marítimo-portuário, por exemplo, parece comprometida a revisão da legislação sobre as concessões portuárias, pelo que poderá não ser ainda desta que o seu prazo máximo será alargado. Do mesmo modo, não é crível que as novas opções estratégicas para os portos, prometidas pelo ministro João Galamba, venham a ver a luz do dia.
Na ferrovia, fica para ver se o impasse agora criado não atrasará, ainda mais, a conclusão do Ferrovia 2020, se não comprometerá desde já a implementação atempada do PNI 2030, se não prejudicará a compra de material circulante pela CP, etc.. Isto sem esquecer o Plano Ferroviário Nacional…
O primeiro-ministro, António Costa, pediu hoje a demissão ao Presidente da República, que a aceitou, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projectos de lítio e hidrogénio.
Do mesmo modo, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, que tutela a área dos transportes, foi hoje constituído arguido pelo Ministério Público (MP) no inquérito relacionado com os negócios do lítio e hidrogénio verde.