Muito se tem falado de Intermodalidade e Multimodalidade no panorama nacional dos transportes internacionais de mercadorias e da cadeia logística no seu todo.
Há que descomplicar a forma de abordar estas duas modalidades quando falamos das diferentes modalidades de transporte no comércio internacional de mercadorias. Não sendo sinónimos, a única vertente que distingue uma da outra é a contratação de serviços. Se por um lado a intermodalidade implica a gestão de diferentes contratos com diversos fornecedores para um dado trajeto (ponto A ao ponto B), por outro a multimodalidade agrega dentro de um só contrato a gestão dos diferentes meios de transporte para um dado trajeto (ponto A ao ponto B) com o mesmo fornecedor.
O que quer isto dizer?
Toda a empresa que compra um serviço multimodal (one-stop-shop) está dependente da intermodalidade do seu fornecedor.
Oportunamente, quando ouvimos as expressões Terminal Multimodal, Porto Seco e Plataforma Logística (entre outros), seria expectável que existisse uma correlação positiva com o aumento do transporte intermodal dos diversos players que usufruem destas infraestruturas. Estas infraestruturas deveriam servir para muito mais do que meros espaços de depósito de mercadorias.
Só uma boa e transparente parceria entre os verdadeiros Multimodal Transport Operators (MTO) e os diferentes players (incluindo os próprios clientes) poderá gerar lucros para todos.
Em dado momento, optou-se por criar programas financiados com o intuito de incentivar uma maior intermodalidade, os quais não tiveram sucesso. Diversos foram os cenários onde, acabando o financiamento, sucedeu a desistência do projeto por não ser viável financeiramente. A meu ver uma reflexão profunda seria necessária.
Ainda há umas semanas foram noticiadas preocupações precisamente sobre estas faltas de apoios. Mas deverá o transporte intermodal estar constantemente condenado à partida?
Será que os operadores multimodais têm a mesma visão? Olhando para os últimos relatórios, não se vislumbra cenário tão negro…
O que falta?
Falta vontade de descomplicar, de desmaterializar, de apostar e de implementar!
Só uma boa e transparente parceria entre os verdadeiros Multimodal Transport Operators (MTO) e os diferentes players (incluindo os próprios clientes) poderá gerar lucros para todos.
A utilização das infraestruturas (enunciadas anteriormente) como pontos intermédios de recolha/entrega de equipamento, bem como de troca modal fará com que a cadeia se alimente a ela mesma. Não menos importante é ter consciência das dinâmicas de volume entre o vendedor e comprador, pois qualquer falha nesta trajetória poderá comprometer toda a operação logística.
Esperemos que mais operadores sigam este tipo de soluções, pois todos beneficiariam com isso. Não só pelo combate à falta de equipamento/espaço, ou pela redução dos tempos de viagem, mas, sobretudo, pela redução das emissões de CO2.
Aguardemos impacientemente por mais ligações modais em infraestruturas intermédias, especialmente para os portos de Leixões e de Setúbal, que, felizmente, não têm deixado desaparecer este tipo de serviços da sua génese.
Haja carga e vontade de a transportar que as soluções aparecerão!
Num próximo comentário, mais aprofundado, sobre Portos Secos encontrar-nos-emos para contextualizar a problemática da Sustentabilidade e de comos as modalidades supra indicadas podem contribuir para fomentar verdadeiramente a logística nacional.
PEDRO NABO MARTINS
Os verdadeiros Multimodal Transport Operators (MTO), ou seja os Operadores Multimodais de Transporte, têm estatuto legal consagrado na legislação portuguesa? Dá-se a entender que há MTO que não são verdadeiros, pelo que um estatuto legal especifico poderia fazer toda a diferença.