O DHL Trade Atlas 2025 aponta para um aumento do comércio global nos próximos cinco anos, mesmo tendo em conta as incertezas políticas e possíveis aumentos de tarifas.
O DHL Trade Atlas 2025, desenvolvido em parceria com a New York University Stern School of Business, que engloba quase 200 países e territórios, revela um regresso ao crescimento em 2024 e projeta um ritmo ligeiramente mais acelerado do que na década anterior.
De acordo com as previsões apresentadas no documento disponibilizado hoje, na Cidade do México, o comércio mundial poderá crescer a uma taxa anual de 3,1% até 2029, próximo do desempenho estimado para o PIB global. Esta evolução, expressa o DHL Trade Atlas, persiste mesmo que sejam aplicadas todas as tarifas propostas pela Administração norte-americana, embora a um ritmo potencialmente mais lento.
Destaque para as economias em ascensão no panorama comercial, nomeadamente Índia, Vietname, Indonésia e Filipinas, que poderão ocupar posições de topo tanto em velocidade como em volume de trocas. “Os EUA podem ter-se retirado do comércio mundial durante algum tempo, mas o resto do mundo está a abraçá-lo fortemente, e há mais pessoas a fazer telefonemas e a enviar e-mails para outros países neste momento, a pensar em como podem desenvolver parcerias comerciais, do que nunca”, disse John Pearson, CEO da DHL Express.
O executivo sublinhou ainda que “se todas as tarifas propostas forem aplicadas, o comércio continuará a crescer mais rapidamente do que nos últimos dez anos. Não há recuo no comércio global”.
Por outro lado, as esperanças de uma regionalização mais forte, impulsionadas pela possibilidade de nearshoring e pela procura de cadeias de abastecimento mais curtas, não se verificaram na prática. Os dados mostram que, em 2024, a distância média percorrida pelas mercadorias atingiu um valor recorde de 5.000 quilómetros. Simultaneamente, a quota de comércio dentro de grandes regiões desceu para 51%, sugerindo que a globalização se mantém resiliente, mesmo face a políticas proteccionistas e conflitos geopolíticos recentes.
Um dos pontos-chave deste relatório é o cenário para os Estados Unidos e a China. Apesar do abrandamento moderado nas trocas bilaterais, não houve um corte drástico de laços comerciais. Embora a relevância comercial norte-americana seja ainda elevada em termos mundiais, a sua quota de importações (13%) e exportações (9%) não a tem capacidade, por si só, de ditar o rumo do comércio global. Em resultado, analistas mantêm uma perspetiva de optimismo, sustentando que a solidez das trocas comerciais não será afectada de forma irreparável por barreiras tarifárias pontuais.
“Não é a altura mais fácil para publicar um relatório sobre o estado do comércio mundial, mas penso que é ainda mais importante, com a actual turbulência, com os actuais desafios, dar um passo atrás e garantir que temos uma visão precisa e actualizada dos laços comerciais que ligam os países de todo o mundo. É esse o objectivo do nosso relatório”, salientou na apresentação Steven A. Altman, investigador sénior e director da Iniciativa DHL sobre Globalização no Center for the Future of Management da NYU Stern.
O documento salienta ainda que, apesar de a taxa de crescimento prevista ser mais elevada em regiões como o Sul e Centro da Ásia, a África Subsariana ou a ASEAN (com valores entre 5% e 6%), as economias avançadas continuarão a desempenhar um papel decisivo no volume global de comércio. Estima-se que a Europa, por exemplo, responda sozinha por cerca de 30% do crescimento total até 2029, enquanto a soma das economias de elevado rendimento ascende a 58%.
Outro dado relevante refere que, apesar de várias décadas de expansão do comércio, apenas cerca de um quinto do valor de bens e serviços produzidos no mundo cruza efectivamente as fronteiras, indiciando um potencial ainda significativo para futuras oportunidades de expansão das trocas..
* O TRANSPORTES & NEGÓCIOS viajou a convite da DHL Express