A economia portuguesa terá crescido 1,4% em termos homólogos e 0,5% em cadeia no primeiro trimestre, estima a NECEP – Católica Lisbon Forecasting Lab.
A instituição alerta, contudo, que “esta estimativa encerra uma enorme incerteza já que os dados são algo contraditórios, com o indicador diário do Banco de Portugal a sugerir uma forte expansão, mas os volumes de negócios no retalho e nos serviços a sinalizarem um crescimento modesto” da economia.
Segundo a Católica, a estimativa de crescimento da economia portuguesa “é revista em alta para 1,4% em 2023, embora com um intervalo amplo de 0% a 2,8%” que reflecte, indica, “os sinais inesperadamente positivos dos primeiros três meses do ano”.
No entanto, “a segunda metade do ano pode afigurar-se mais adversa fruto das diversas pressões sobre a conjuntura económica: inflação elevada e taxas de juro crescentes, a que se junta agora um provável agravamento da disponibilidade de crédito fruto da maior turbulência no sistema financeiro”, diz a instituição, apontando que o “consumo privado e o investimento parecem continuar com uma dinâmica muito frágil e contingente”.
Para os dois anos seguintes, a Católica refere que “os novos pontos centrais para o crescimento anual são, respectivamente, de 1,5% e 1,6%, recfletindo os efeitos adversos que a pandemia poderá ter tido no crescimento potencial da economia portuguesa”.
Na mesma nota, a instituição destaca que “a inflação média do primeiro trimestre foi de 8,0%, com uma variação homóloga de 7,4% em Março, embora seja razoável esperar uma descida da média anual para 6,0% em 2023, mais precisamente num intervalo entre 5,2 e 6,8%, fruto da diluição dos efeitos base desfavoráveis”.
Por outro lado, a política monetária do BCE “deverá contribuir para uma redução da inflação na zona euro e em Portugal, mas apenas no limiar de 2024, dado que as taxas directoras estão ainda no intervalo entre 3,00% e 3,75%”, indicou.
Tendo em conta a recente instabilidade dos sistemas financeiros americano e europeu, “quer a Fed, quer o BCE poderão ceder à tentação de tolerar elevadas taxas de inflação, claramente acima dos 3%, durante mais tempo para evitar causar dificuldades excessivas à sustentabilidade dos balanços dos bancos”, referiu.
Já o desemprego em Portugal, parece “dar sinais de uma ligeira subida para um ponto central de 6,5%, um valor que, sendo inferior à média histórica recente, corresponde a um desenvolvimento novo no período pós-pandemia que precisa de ser seguido com atenção”.
A Católica revela ainda previsões para a zona euro no primeiro trimestre, que, estima, “poderá ter crescido 0,3% em cadeia, correspondendo a um crescimento homólogo de 1,5%, após a estagnação do quarto trimestre de 2022”.
Nos próximos anos, “a economia da zona euro deverá ter um comportamento um pouco pior, com o ponto central do crescimento do PIB em 1,0% e um intervalo compreendido entre a estagnação e uma expansão de 2,0%” mantendo-se, assim, “o risco de uma recessão suave, mas esse não parece ser o cenário mais provável, dados os desenvolvimentos recentes da economia europeia”.