A Ecoslops, que produz em Sines combustível naval e betume a partir de óleos residuais, pretende prolongar e renegociar a sub-concessão que mantém com a Galp até 2027, no terminal de granéis líquidos.
Instalada no Terminal de Granéis Líquidos do porto de Sines a refinaria da Ecoslops começou a funcionar em 2014 utilizando uma tecnologia que os responsáveis garantem ser “única no mundo” porque transforma os óleos residuais dos navios em fuel, gasóleo e betume, através da refinação e reciclagem.
De acordo com o director-geral da Ecoslops Portugal, Pedro Simões, estes resíduos marítimos, designados ‘slops’, são vendidos principalmente “no mercado português e espanhol”, tendo já sido recicladas um total de 200 mil toneladas.
A empresa é ainda responsável pela gestão do tratamento de todos os resíduos e utilidades dos cinco terminais do porto de Sines que são “recolhidos, separados, acondicionados nas instalações e enviados para os centros de tratamento”, precisou.
À “Lusa”, Vincent Favier adiantou que as negociações com a Galp já tiveram início, mas disse ser necessário “alterar” os termos actuais da subconcessão.
“Os activos existentes nesta infra-estrutura, que foram transferidos para a nossa esfera, estavam em muito mau estado. A administração portuária nunca investiu, deu parte do negócio à Galp, que também nunca investiu, até que a Galp cedeu-nos a concessão e disse que seria a nossa vez de investir, e fizemos o máximo que conseguimos”, afirmou.
Ao abrigo do acordo, a empresa já investiu sete milhões de euros, disse, mas agora, “compete à Galp a responsabilidade de investir na melhoria” daquela infraestrutura, defendeu Vincent Favier.
“Não é nosso dever subsidiar a administração portuária ou a Galp. Não podem pedir a uma empresa pequena para avançar com esses investimentos, porque o contrato estabelece essa obrigatoriedade”, considerou.
Questionado pela “Lusa” sobre um cenário que não contemple a renovação da sub-concessão, o responsável da empresa luso-francesa explicou que “não será possível continuar” com a unidade industrial (P2R), em Portugal, “que está totalmente integrada na sub-concessão”.
“Queremos assegurar a nossa presença em Sines e chegar a um acordo com a Galp para a extensão do contrato depois de 2027 e já começamos a discussão para alterar certos aspectos do contrato, porque não queremos gastar outros sete milhões para renovar os equipamentos”, ressalvou.
A Ecoslops reviu recentemente o seu plano estratégico, que aponta para a criação de um hub no porto de Sines que permitirá desenvolver a próxima geração de unidades de reciclagem de hidrocarbonetos e exportar esta tecnologia designada “Scarabox” a partir de Portugal, sobretudo para países com economias sub-desenvolvidas.
Por isso, defendeu Vincent Favier, a renovação da sub-concessão permitirá um aumento da produção “de 25 mil para 35 mil toneladas” de combustível por ano, e “um investimento aproximado de 10 milhões de euros” no projecto da “Scarabox” e na manutenção da actividade.
“Pretendemos aumentar as nossas equipas de operadores para o P2R e de engenheiros, aumentar os salários dos trabalhadores e, ao localizar o negócio da “Scarabox”, em Sines, será necessário contratar mais pessoas, por isso facilmente passaremos de 40 para 50 funcionários”, concluiu.