As encomendas de porta-contentores, graneleiros e navios-tanque atingiram o ponto mais baixo em 17 anos devido à Covid-19, diz a BIMCO.
“A actividade de contratação sentiu rapidamente os efeitos da pandemia, com armadores e investidores a mostrarem pouco apetite por novos navios”, indica Peter Sand, analista-chefe de transporte marítimo da BIMCO.
As encomendas de navios de granéis sólidos e porta-contentores foram as que mais caíram. Com 63,4 milhões de toneladas DWT, a carteira de encomendas de granéis sólidos está ao seu nível mais baixo desde Abril de 2004 e é 34,7% menor do que há 12 meses. Já as encomendas de porta-contentores baixaram 10,3% face a Julho de 2019 e estão em mínimos desde Setembro de 2003. A queda deixou o rácio das encomendas face à frota em operação em apenas 7,7%, o nível mais baixo em muitos anos.
Também as encomendas de navios-tanque caíram, mas menos. A BIMCO justifica-o por a carteira de encomendas de petroleiros ter estado a um nível muito mais baixo nas últimas duas décadas. A carteira dos navios-tanque está nos 36,3 milhões de DWT e a dos petroleiros nos 12,1 milhões de DWT, uma queda de 4,2% e 12% em relação há 12 meses, respectivamente.
Desmantelamentos regressam
A redução das encomendas surge numa altura em que muitos armadores regressam aos desmantelamentos de navios. Os dados da BIMCO revelam que a actividade total de demolição em Julho foi de 1,8 milhões de DWT, um aumento de 1,2 milhões de DWT face a Julho de 2019, e de quase 400% em relação aos abates registados em Abril de 2020.
Apesar do aumento nos desmantelamento e do declínio nas entregas em muitos segmentos de navios, as frotas continuam a crescer porque, em termos de volume, as entregas são muito maiores do que os abates.
“O aumento contínuo no fornecimento de navios, apesar dos desmantelamentos e de menos contratos de novas encomendas, não pode ser ignorado, pois o volume do comércio mundial está condenado a ter uma queda considerável este ano, e não se prevê que retorne aos níveis pré-pandemia antes de, pelo menos, 2022. Embora o declínio nas encomendas resulte em desaceleração do crescimento da frota, o equilíbrio nos mercados do transporte marítimo poderá revelar-se ilusório nos próximos anos”, conclui Peter Sand.
Gostaria de ler algum comentário de entusiastas de navios “autónomos” que, segundo alguns, deveriam começar a operar em 2020. Que alterações na legislação já fez a IMO para esses navios poderem navegar em águas internacionais? e alterações a nivel de cada Estado? e já agora: poderei estar enganado, mas a pandemia veio estragar muitos planos…