A ministra do Fomento espanhola anunciou para Setembro o arranque de um projecto de utilização de eixos telescópicos nos vagões de mercadorias, que permitirá a circulação indistinta nas vias de bitola ibérica e UIC.
Ana Pastor disse que a Adif está a trabalhar com várias empresas espanholas no desenvolvimento da solução que, em termos práticos, permitirá aplicar ao transporte ferroviário de mercadorias aquilo que já acontece no transporte de passageiros.
A solução (dos passageiros) assenta na utilização de eixos telescópicos que ajustam a largura dos rodados ao passarem (a baixa velocidade) nos intercambiadores instalados na via.
Pelo menos até agora era assumido que tal tecnologia não era aplicável ao transporte de mercadorias (por causa do peso das composições), nem se justificaria desenvolvê-la, quer pela reduzida dimensão do mercado, quer pela aposta espanhola na migração da bitola ibérica para a bitola europeia.
Actualmente, a questão da (não) interoperabilidade das bitolas é resolvida, nas fonteiras entre Espanha e França, com a transferência das cargas (e dos passageiros…) de uns comboios para outros. O que demora muito tempo (e tem uma capacidade de resposta limitada) e custa dinheiro.
A solução que estará a ser ultimada pela Adif terá a vantagem de poupar tempo e dinheiro. Além do que permitirá a integração das linhas ibéricas e europeia dentro do próprio território espanhol.
O anúncio da ministra do Fomento, no entanto, parece ir ao arrepio da política assumida pelos sucessivos governos de Madrid de acelerar a construção da rede de Alta Velocidade, por outro lado, e de reconverter para bitola UIC ou encerrar as linhas de bitola ibérica.
Portugal certamente tem que imitar a Espanha !