A liberalização dos serviços de Alta Velocidade em Espanha gerou um impacto positivo de 578 milhões de euros em 2023, com os passageiros a ficarem com a maior fatia, de acordo com a CNMC.
De acordo com a Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência (CNMC) espanhola, a liberalização do transporte ferroviário de passageiros, em 2019, foi benéfica para todos (ou quase, uma vez que os novos operadores ainda apresentam resultados negativos).
Os passageiros foram os mais beneficiados, com a CNMV a calcular um impacto positivo de 343 milhões de euros.
Com a liberalização, 42% dos passageiros podem agora escolher entre três operadores (e 19% podem optar entre dois). Ao mesmo tempo, o número de lugares disponíveis aumentou 60%. E os preços médios caíram 40% desde 2022, quando passaram a actuar no mercado três operadores (Renfe, com duas marcas, Ouigo e Iryo).
A Adif Alta Velocidade, gestora da infra-estrutura, também saiu a ganhar, tendo arrecadado mais 148 milhões de euros de receitas de taxas de uso face a 2019.
As operadoras encaixaram mais 87 milhões de euros de receitas do que a Renfe quando era monopolista. Todavia, nota a CNMC, apesar de a oferta ter aumentado 60%, as receitas globais subiram menos de 10% face ao arrecadado pela operadora incumbente em 2019.
Na verdade, a entidade reguladora nota que quase todos os operadores apresentaram resultados negativos, sendo que “a entrada no mercado ferroviário é cara e não se podem esperar benefícios nos primeiros anos, muito menos com a situação desfavorável de restrições de mobilidade (pandemia de COVID-19) e de custos energéticos”, refere em comunicado
Com a liberalização da Alta Velocidade, o número de passageiros cresceu dez milhões desde 2019, para um total de 31 milhões, com as concorrentes da Renfe a captarem 10,6 milhões.
Nos corredores liberalizados a ferrovia ganhou quota de mercado face ao transporte aéreo. A CNMC destaca o caso do Madrid – Barcelona, onde o crescimento atingiu os 20 pontos percentuais, para uma quota de mercado de 82%.