A Talgo vai concorrer ao concurso para reforço da frota da CP, que espera seja aberto durante o primeiro trimestre de 2018.
“Queremos reforçar a nossa presença em Portugal e ser players importantes nestes concursos que prevemos que saiam em breve”, disse à “Lusa” João Constantino Meireles, responsável pelo Desenvolvimento de Negócios
para a América Latina e Portugal da empresa espanhola de construção e manutenção de comboios.
Num intervalo da visita que um grupo de jornalistas portugueses fez, a convite da empresa, à fábrica que a Talgo tem nos arredores de Madrid, Constantino Meireles assegurou que já há “consultas” e “conversas” para saber que tipo de
comboios a CP e o Governo português pretendem comprar.
“Mas de momento nada demasiado formal”, acrescentou o responsável da empresa.
Ressalvando desconhecer as necessidades portuguesas em número e características dos comboios, Constantino Meireles adiantou que serão necessários “cerca de três anos” desde o momento da abertura do concurso até que os comboios comecem a ser utilizados pelos passageiros.
“Estamos perfeitamente preparados para, quando saia o caderno de encargos, podermos fazer uma oferta séria interessante”, assegurou o responsável da Talgo.
Numa audição na Assembleia da República no início de Novembro último, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, acerca do Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), destacou vários investimentos previstos para a ferrovia, na qual o Executivo espera investir cerca de 360 milhões de euros, quer a nível de infra-estruturas, quer de material circulante.
O responsável governamental avançou então que em 2018 “será acelerado” o programa de modernização do material circulante da CP, com uma intervenção em 35 unidades, e iniciado o programa de aquisição de novo material circulante da CP.
“Como fabricantes ibéricos eu acho que somos os mais bem preparados”, defende João Constantino Meireles, a pensar “nas características próprias” do sistema ferroviário português, desde logo, a bitola ibérica.
Os fabricantes de comboios têm “soluções técnicas” que permitem ao mesmo comboio circular em diferentes bitolas e também às locomotivas circular indistintamente em linhas electrificadas ou não.
A Talgo já contactou vários potenciais fornecedores nacionais para equipar os seus comboios, nomeadamente, o interior, no caso de ser a empresa vencedora do concurso internacional.
Segundo a empresa, “é normal” que o contrato de fornecimento de comboios imponha que 20% do preço final de cada unidade seja realizado em Portugal, o que pode envolver “a montagem final e os ensaios” antes da entrega.
“Pelas conversas que temos tido, estou convencido de que [o concurso em Portugal] vai andar para a frente”, afirmou Constantino Meireles, acrescentando que tem “esperança” na abertura do concurso durante o primeiro trimestre de
2018.
A CP nunca comprou comboios à Talgo, mas são daquele fabricante várias composições alugadas à Renfe, além dops comboios internacionais Sud Express (Lisboa-Hendaia) e Lusitânia Expresso (Lisboa-Madrid).