O Executivo recusa mexer no preço do gasóleo, por ser ilegal e por não poder baixar os impostos. Mas os transportadores sustentam que os cofres do Estado até poderiam ganhar com a criação do “gasóleo profissional”.
O presidente da ATTIMA, Pedro Morais, disse hoje que as associações de transportadores apresentaram ao Governo uma proposta relativa ao preço dos combustíveis que representaria para o Estado um “encaixe mensal de cerca de 6,2 milhões de euros”.
As contas dos transportadores contrariam ao do Governo, que insistiu, no final de uma maratona negocial para tentar evitar a paralisação, que só não cedeu na questão do preço dos combustíveis.
Os transportadores rodoviários de mercadorias sustentam que a redução das receitas fiscais do ISP, resultantes da criação do “gasóleo profissional”, seria compensada, ou mesmo superada por outros ganhos. Desde logo, com a recuperação dos consumos que actualmente são feitos em Espanha, porque do lado de lá da fronteira o gasóleo é substancialmente mais barato.
“Os números existem. Está tudo documentado em números, que aliás são do próprio Estado”, afirmou ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS um dirigente associativo. “Sabemos o número de veículos, sabemos as taxas de ISP, sabemos os consumos, sabemos as receitas”, reforçou.
Os transportadores insistem em que não querem subsídios, mas antes que a solução dos seus problemas seja vista numa escala mais ampla. “As medidas que propomos, se bem aplicadas, rendem” para o Estado.
Esta tarde, os dirigentes da ATTIMA, da ANTP e da Antram reuniram na sede desta última, para avaliarem os resultados da maratona negocial com o Governo e o primeiro dia de paralisação dos camionistas. O comunicado emitido no final insiste na necessidade de soluções rápidas e justas para o sector e mantém aberta a via negocial com o Executivo.
Os dirigentes associativos reafirmam a sua solidariedade para com os transportadores paralisados e apelam ao cumprimento da legalidade, para evitar “situações de hostilidade”.
O primeiro dia de paralisação dos camionistas ficou marcado, em termos noticiosos, por alguns incidentes, à falta de um impacto significativo nas cadeias de abastecimento. A opção de muitos transportadores, operadores logísticos e carregadores em anteciparem viagens e abastecimentos também minorou o impacte do movimento no primeiro dia.
Todavia, à medida que o dia foi avançando foi aumentando o número de veículos parados, e a despreocupação – por exemplo dos operadores logísticos – foi cedendo a alguma apreensão sobre como garantir os fluxos de mercadorias caso a paralisação de mantenha.