O Sindicato dos Estivadores diz-se “estupefacto” com as associações portuárias por estas acusarem a estrutura sindical de querer manter o “monopólio” da mão-de-obra no porto de Lisboa. Uma nova greve iniciou-se hoje.
Numa carta aberta difundida sexta-feira, o Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal lembra que está em causa “a vida de centenas de pessoas” e que “os trabalhadores portuários são seres humanos e não meras coisas descartáveis e passíveis de contabilizações financeiras em folhas de Excel”.
Assim, prossegue a estrutura sindical, “importa iniciar desde já, também de forma pública, a desmistificação do verdadeiro ‘cenário kafkiano’ que está a ser criado no sector portuário, em especial no porto de Lisboa, por parte daqueles que, financeiramente, mais têm lucrado com o trabalho das centenas de trabalhadores portuários que ali trabalharam, e trabalham, no decurso dos últimos anos”.
A carta aberta surge em resposta a uma outra carta conjunta, datado do passado dia 21, onde a Associação de Operadores do Porto de Lisboa, a Associação Marítima e Portuária e a Associação-Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa afirmam que o Sindicato dos Estivadores insiste em manter o “monopólio” da mão-de-obra no porto de Lisboa.
Na carta das associações portuárias refere-se que os pré-avisos de greve surgem no decurso do processo negocial de revisão do Contrato Colectivo de Trabalho que, referem, “estava a decorrer com toda a normalidade”, com a “admissão” de 18 trabalhadores, acusando o sindicato de colocar em causa a “paz social” que “iria permitir recuperar a imagem depauperada do porto de Lisboa, criar postos de trabalho” e conseguir a revitalização.
“Convém esclarecer que não se tratam de verdadeiras admissões, mas sim de readmissões de 18 trabalhadores despedidos pela A-ETPL no final de Janeiro de 2013, que têm acções judiciais em tribunal, nas quais peticionam a sua reintegração no sector dado que trabalhavam no mesmo há mais de seis anos, de forma exclusiva e contínua”, responde o sindicato, acrescentado que as associações portuárias não referem a criação da nova Empresa de Trabalho Portuário (ETP).
“A verdadeira questão que importa ser conhecida, e que omitem, também de forma deliberada, prende-se com o facto de terem criado uma nova empresa de trabalho portuário para funcionar no Porto de Lisboa, a qual visa concorrer directamente com a A-ETPL, onde todos os trabalhadores portuários efectivos são sócios deste sindicato”.
O Sindicato dos Estivadores iniciou hoje uma nova greve parcial em Lisboa, que deverá prolongar-se até 10 de Fevereiro.