Desde hoje, a Ethiopian Airlines voa a partir do Porto, quatro vezes por semana, para o seu hub em Adis Abeba. A maior companhia aérea africana aposta forte na carga, disponibilizando uma capacidade máxima de 10 toneladas.
A Ethiopian Airlines escolheu o Porto para o arranque das suas operações em Portugal. A opção resultou do trabalho desenvolvido pela ANA e pelo Aeroporto do Porto (e que envolveu até a embaixadora de Portugal em Adis Abeba), mas também, em particular no que toca à carga, do reconhecimento do potencial exportador da zona Norte, acrescido do da vizinha Galiza.
A partir de hoje, o B787-8 Dreamliner da companhia partirá do aeroporto do Porto às segundas, terças, quintas-feiras e sábado, às 19h55, fará uma escala técnica de duas horas em Madrid, e seguirá depois directamente para a capital etíope. A bordo poderão seguir até 10 toneladas de carga. A partir daí, as opções são quase infinitas, dada a rede de 140 destinos em todos os continentes (menos a Austrália), como salientou Hailemelekot Mamo, director da companhia, durante o evento, hoje, de apresentação no aeroporto do Porto.
Sintomático da aposta da Ethiopian Airlines no negócio da carga foi o facto de o evento de apresentação ter integrado uma mesa redonda dedicada à carga, com as participações de Rui Alves, director do aeroporto do Porto, Miguel Pinto, vice-presidente da AEP, Mário Silva, director de Air & Sea da Rangel Logistics Solutions, e Jorge da la Osa, director da AD Aircargo, o GSA para a carga na Península Ibérica.
Jorge de la Osa destacou a grande capacidade de carga disponível (sendo que Madrid também integra a rede de voos cargueiros da Ethiopian), a conectividade oferecida (com vantagens em termos logísticos e de transit time), a expertise no tratamento de cargas como pharma, perecíveis ou e-commerce, e a digitalização total dos procedimentos, entre outros méritos. Mário Silva salientou a importância de ter mais oferta no aeroporto do Porto, dispensando o recurso aos camiões para ir “apanhar o avião” em Madrid, Paris ou Amesterdão, e também as hipóteses que se abrem às empresas nacionais para fazerem negócios numa região africana ainda pouco explorada, mas de elevado potencial. Lamentou a persistência de constrangimentos nas operações no Porto. Miguel Pinto lembrou a insistência da AEP no desenvolvimento do aeroporto do Porto, como facilitador de negócios e parcerias, e no caso particular da nova oferta salientou a necessidade reconhecida pelos empresários de diversificação de mercados para salvaguarda dos impactos das políticas da Administração Trump. A AEP, disse, mantém a intenção – agora renovada – de realizar uma missão comercial à Etiópia.
O director do aeroporto do Porto destacou o trabalho que continua a ser feito para atrair mais companhias e mais ligações para o Norte (casos da Azul e da Air Canada, e da própria TAP), e a atenção à melhoria possível das operações de carga (que passará também, como disse, pelo envolvimento dos operadores). Rui Alves prometeu para os próximos meses a apresentação do masterplan de desenvolvimento da infra-estrutura para o horizonte da actual concessão da ANA, no qual, garantiu, a componente carga estará devidamente contemplada.
A partir daqui, ficou o desafio, caberá aos agentes económicos justificarem e viabilizarem a nova oferta da Ethiopian Airlines, sendo certo que a companhia africana se diz disponível para levar qualquer carga a qualquer destino, ou “aberta ao negócio”, como sintetizou Hailemelekot Mamo